Movimento Comunidades Responsáveis realiza primeira conferência sobre protecção animal

PorChissana Magalhães,19 set 2018 14:56

O Movimento Civil para as Comunidades Responsáveis (MCCR), em parceria com a Assembleia Nacional de Cabo Verde, realiza no próximo dia 22 deste mês a primeira Conferência para debater a necessidade de protecção dos animais.

A conferência será um dos momentos de uma campanha que irá alongar-se pelo mês de Outubro e que terá momentos de debate e projecção de filmes com a temática da protecção dos animais como pano de fundo.

Com o título "Somos a Voz dos que Não Podem Falar” esta conferência pretende vir a ser não só uma oportunidade de abordar as questões relacionadas à situação dos animais de companhia, com dono ou de rua, mas também introduzir na agenda nacional a preocupação com a vida selvagem do planeta, com a biodiversidade e a protecção das espécies ameaçadas.

“ É importante que em Cabo Verde falemos disso e nos preocupemos com a vida selvagem. Porque Cabo Verde também faz parte do mundo e o que se passa no mundo também nos afecta. Cabo Verde tem a questão da protecção da vida marinha, das tartarugas e agora também dos tubarões – que agora se começa a falar mais – mas também devemos estar atentos ao resto do mundo”, explica ao Expresso das Ilhas Maria Szuszana Fortes, fundadora do MCCR e activista dos direitos dos animais que há mais de dez anos dedica-se a trabalhar por esta causa.

A mesma defende que introduzir a questão da protecção de espécies selvagens ameaçadas ( como leões, girafas e elefantes) e aquestão da necessidade de manutenção das grandes florestas para preservação do ecossistema ambiental não desviará a atenção dos problemas específicos de Cabo Verde, como é o caso dos animais nas ruas e a caça à tartaruga marinha.

“E se Cabo Verde estiver na rota do tráfico de animais e de produtos feitos a partir de animais selvagens? Em algumas lojas em Cabo Verde encontramos produtos feitos de marfim…”, aponta.

Tendo em conta a vontade do MCCR de introduzir o debate sobre estas questões na agenda do país, o movimento obteve autorização para a projeção pública, durante o evento, do filme Leões de Sangue, documentário premiado “que apresenta um dos lados mais obscuros e trágicos do comércio da vida selvagem. O filme já foi apresentado nas Nações Unidas, na Comissão Europeia, no Parlamento da África do Sul e agora será apresentado também em Cabo Verde.”

A situação dos cães em Cabo Verde, a saúde pública, as crueldades contra os animais e a saúde pública mental relacionada à crueldade para com os animais são temas que não deixarão então de estar presentes na agenda do encontro uma vez que uma das alterações que os activistas pretendem que ocorra prende-se com a forma como os animais são definidos pela lei.

“ Pela lei cabo-verdiana os animais são objectos. Queremos alterar isso e fazer perceber a todos que os animais são seres sencientes”, diz a representante do Movimento Civil para as Comunidades Responsáveis.

Em nota de imprensa o MCCR faz lembrar os avanços recentes da biologia, da ecologia e da etologia (especialidade da Biologia que estuda o comportamento animal) que “confirmaram que o mundo está em perpétua evolução e que as formas de vida dependem de um conjunto complexo de factores interdependentes, em estado de equilíbrio dinâmico, que se interinfluenciam. O ser humano é um elo dessa ininterrupta cadeia de seres vivos. Porém, perante o sofrimento, nenhuma diferença existe entre o homem e os animais, já que os comportamentos e sentimentos destes são os mesmos daquele: a ansiedade, a angústia, a fuga, os gritos e a agressividade. E a biologia apurou também que os animais não humanos, são seres sencientes, com inteligência, consciência e experimentam as mesmas necessidades fundamentais de se alimentarem, de se reproduzirem, de terem um habitat, de serem livres.”

Os estudos etológicos atestam assim que os animais sentem as mesmas emoções básicas como a tristeza, a alegria, a felicidade e a ira, assim como são capazes de amar.

“Segundo os atuais conhecimentos da ciência humana, a única diferença em relação ao homem reside em que este, tem a capacidade de ser responsável de forma consciente pelos seus actos, cuja prática deverá se subordinar a valores de natureza ética”, continua a nota.

Para apresentar estes e outros tema a organização convidou biólogos, veterinários, psicólogos, e activistas sociais, para além da delegada de saúde da Praia. A presidir a conferência "Somos a Voz dos que Não Podem Falar" estará o Presidente da Assembleia Nacional, Jorge Santos.

“ Nós o convidamos e ele prontificou-se em apoiar a iniciativa. Mostra-se aberto a apoiar a causa e a criação de uma lei de protecção dos animais”.

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Autoria:Chissana Magalhães,19 set 2018 14:56

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  20 set 2018 9:03

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