Carlos Moedas falava hoje, no Mindelo, após a assinatura do Documento Quadro para a Cooperação e Investigação Marinha, através do qual os cientistas cabo-verdianos vão poder participar em projectos de investigação em instituições europeias e os cientistas europeus participar em projectos no território cabo-verdiano.
O protocolo que "reconhece e estimula a investigação marinha e oceânica no contexto da cooperação com o Atlântico Sul" foi assinado pelo comissário da União Europeia para a Investigação, Ciência e Inovação, Carlos Moedas e pelo vice-primeiro-ministro, Olavo Correia.
"Pensem na ciber-segurança, nas mudanças climáticas, nos plásticos nos oceanos e naquilo que estamos a fazer hoje. Nada poderá ser resolvido por um só país, temos que nos unir entre os países, as pessoas, as empresas e as organizações não governamentais. É esse o grande desafio de hoje. Se não conseguirmos fazer essa ligação, não vamos conseguir resolver o problema que temos pela frente e até agora aquilo que fizemos foi, de uma certa forma, cada um para o seu lado e cada um pelo seu lado", afirma.
O documento é uma extensão do Acordo de Belém, assinado em 2017,entre a União Europeia, o Brasil e a África do Sul.
Com base no Acordo de cooperação científica e tecnológica fica estabelecida uma estreita colaboração científica, que é coordenada pelo Comité Conjunto de Cooperação Científica e Tecnológica estabelecido ao abrigo desse Acordo.
O comissário considera o acordo essencial naquilo que tem que ver com a estratégia da União Europeia em relação aos oceanos.
"E Cabo Verde representa este ponto central, no fundo, uma plataforma central entre algo que olhámos há 5, 6 anos sobre o Atlântico norte, depois viemos para o Atlântico sul e faltava-nos uma peça no puzzle que era aquele país que une o norte, sul, este oeste, e Cabo Verde está nessa posição", indica.
Os oceanos desempenham um papel fundamental no desenvolvimento das economias nacionais e regionais, na realização dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável e no combate às alterações climáticas.
Carlos Moedas destaca aquilo que chama de impulso técnico-político da União Europeia para trabalhar a problemática da vulnerabilidade dos oceanos e combate às mudanças climáticas.
"Fomos realmente os primeiros a transformar este problema que não é técnico, é politico, é técnico-político. E sem os técnicos não o vamos resolver mas temos que ter esta liderança(...) Eu penso que hoje vivemos num mundo tão complexo, com tantos problemas, mas também com tantas oportunidades. A oportunidade da Europa é ser líder nesta área, e essa liderança não se faz sozinha, faz-se através dessa alianças, acordos que estamos estabelecer", assegura.
O aumento da eficiência operacional, através da optimização da utilização adequada e partilha das infra-estruturas de investigação, o acesso e a gestão de dados e plataformas, aprofundamento do conhecimento científico sobre os ecossistemas marinhos, as interacções entre os oceanos e as alterações climáticas, os oceanos e a alimentação, os oceanos e os sistemas energéticos, bem como a dinâmica do oceano Atlântico, são alguns dos objectivos do protocolo.