O objectivo é claro e alinhado com as tendências internacionais em espaços do tipo: promover o regresso aos Mercados, quer por parte dos consumidores, quer das rabidantes.
Simpática e conversadeira, Lena fala com o orgulho de quem, graças aos seu esforço e à “ajuda de Deus”, nunca deixou comida faltar na sua mesa. Nascida em São Domingos, veio para a Praia ganhar a vida e por aqui se estabeleceu. Há 25 anos que vende no mercado do Plateau e foi graças a este seu trabalho que criou, sozinha, cinco filhos. “Todos com escola”. Um deles, na Universidade.
Os filhos não trabalham aqui, mas a vida desta família moldou-se à volta deste mercado, o mesmo que após as obras de reabilitação, ficou “mais elegante, mais bonito”. Além disso, “está mais limpo, com mais valor”, gaba, satisfeita, Lena, Maria Helena de baptismo.
São elogios que se ouvem em várias bocas. E projectos não faltam que irão transformar o Mercado, já reabilitado, num espaço ainda mais aprazível para o consumidor, ao mesmo tempo que se promove o bem-estar da “comunidade” comerciante.
O mercado em evolução
onstruído em 1924, o mercado do Plateau foi remodelado em 2015, segundo um projecto orçado em cerca de 150 mil contos. O traçado original foi mantido, mas várias novidades foram introduzidas. A começar com a construção de mais um piso.
”Ficou mais sabi, grande, à vontade”, corrobora outra comerciante: Mizilda, vendedeira tal como a sua mãe.
Com as obras veio mais do que um novo e maior espaço. Veio uma nova vida para o Mercado. Fez-se o Regulamento, que ainda não existia, e que veio definir claramente as regras, direitos e deveres.
Veio também um cuidado vincado com as suas vendedeiras. “Para além do mercado estar com mais valor, agora, para além da consulta de rua [feiras de saúde], vem cá o médico de três em três meses”, continua, por sua vez, Lena que é uma das vendedeiras mais participativas em todas as iniciativas promovidas pela gestão do mercado do Plateau.
Uma das maiores preocupações, conforme revela a gestora, Patrícia Freire, é precisamente a saúde das vendedeiras. Muitas delas, aferiram, sofrem de doenças, entre as quais se destacam hipertensão e diabetes. Então, solicitou-se à delegacia de saúde, que atribui o cartão de sanidade, um acompanhamento trimestral das mesmas.
Mas os cuidados de saúde não param por aí. O exercício físico é outra preocupação. “Temos uma parceria com a Polícia Nacional e dispuseram treinadores profissionais seus para treinar as comerciantes”, explica a gestora. Aulas de fitness que são dadas três vezes por semana (às segundas, quartas e sextas), das 17h às 18h, na rua pedonal, mesmo em frente ao mercado.
Hoje, Mizilda não falta, garante-nos. É sexta-feira, dia da Mulher, e o “treino” vai ter um professor especial o próprio Presidente da Câmara Municipal (CMP), Óscar Santos. Mas não vai só pelo “convidado”. Costuma ir sempre, conta, aplaudindo a iniciativa que “cada vez tem mais gente”.
As vendedeiras “estão a gostar muito, dizem que a melhor coisa que a CMP já fez é esta campanha de zelar pela sua saúde, porque elas realmente não têm tempo de fazer exercício físico”, corrobora Patrícia Freire.
Lena é também uma das vendedeiras que costuma ir às aulas de fitness. E também às de Alfabetização, que a gestão está a promover, em parceria com o Ministério da Educação.
“Estou nas aulas e estou a aprender … mais ou menos. Hoje não tenho o meu caderno para mostrar”, conta, elogiando a iniciativa e criticando quem não a aproveita. “há muitas pessoas matriculadas que nem o nome sabem escrever (eu pelo menos o nome sei pôr) e não vão. Tudo se aprende se você quiser, agora se não quiser, …”
Para a gestora , a alfabetização é, aliás, base fundamental para posteriormente as vendedeiras usufruírem, com equidade, de outras formações e acesso a informação previstas para o futuro. O foco principal, no horizonte, será uma cada vez maior informatização e digitalização, para permitir uma melhor intrusão com o mundo tecnológico e suas oportunidades.
Na senda do cuidado, há outras iniciativas para proteger e acarinhar as comerciantes. Todas as vendedeiras do mercado são na verdade “informais”. Não pagam impostos e a maior parte nem sequer está inscrita na Previdência Social.
“Fizemos um levantamento e vimos que apenas cerca de 10 pessoas estão inscritas no INPS”, contabiliza a gestora. Assim, juntamente com o INPS, a gestão do Mercado e a CMP estão a trabalhar para aumentar o número de inscritos, e garantir alguma protecção na doença, na maternidade e na reforma.
Ao mesmo tempo que grandes iniciativas estão em curso, pequenos gestos vão marcando o dia-a-dia do Mercado. Como a missa de Natal especialmente realizada para as comerciantes do mercado do Plateau, ou a homenagem que, em breve a CMP pretende fazer às vendedeiras mais antigas do mercado e a celebração do aniversário das mais velhas (mais de 70 anos).
Além disso, a partir de agora, “as vendedeiras entre 80 e 87 anos de idade ficaram isentas do pagamento diário da banca e das taxas. São seis vendedeiras”, adianta.
Mercado Limpo
A maior limpeza do mercado é também destacada. Em tudo, limpeza é agora palavra de ordem, até para garantir a segurança alimentar que se pretende apregoar.
Além da limpeza diária, é mensalmente realizada uma limpeza aprofundada em que o mercado é também desinfestado. Uma higienização, que obriga a que todos os produtos sejam retirados do mercado, mas de que não se pode abrir mão.
“Tem de funcionar mesmo!”, diz a gestora, explicando que “há um calendário, anual” e a limpeza é sempre agendada para o fim-de-semana, em horário que não afecta o utente nem as vendedeiras. Assim, respeitando-se o sábado de manhã, altura de maior fluxo, a limpeza é feita a partir das 16h, um sábado por mês.
Em termos de limpeza, a gestora garante que o mercado “está bem”. “Apela mesmo aos consumidores que tenham confiança para ir comprar no mercado do Plateau”, refere.
Entretanto, uma das principais queixas no que toca à limpeza mensal é o facto de as vendedeiras terem de tirar todos os seus produtos, uma vez que o mercado não possui um centro de armazenamento.
“O mercado foi assim concebido. É mercado expositor, não de armazenamento”, justifica a gestora.
Na verdade, neste momento não existe nenhum centro de armazenamento para os mercados da capital. Há alguns anos essa experiência foi testada e foi aberto um armazém em Achada São Filipe. As vendedeiras acabaram por não o usar, alegando que os custos eram elevados, que o armazém ficava fora da sua rota diária, entre outras questões. Ao fim de muitos anos de inactividade, “a CMP acabou por se desfazer do espaço”, recorda a gestora do mercado.
Concorrência Desleal – “nós todas somos o pão dos filhos”
O mercado está melhor, mas ainda “precisa de melhorar mais”. Quem o diz é Lena, referindo-se em particular aos problemas causados por algumas das suas colegas, que não cumprem os lugares que lhes cabem, açambarcando espaço das bancas reservadas a outras vendedeiras.
“O nosso mercado tem muitos problemas, nós somos desentendidas”, diz.
As regras são claras, a gestão do mercado, em particular a gestora Patrícia Freire tem tentado impor essa sã convivência, mas “não é só uma pessoa que consegue mudar isto...”, considera a vendedeira, criticando ainda a postura hostil de algumas colegas para com a gestão. “Alguém faz alguma coisa boa por nós e nós tratamos mal…”, lamenta.
A vida dentro do mercado é pois marcada por desentendimentos internos. Mas há uma outra venda que preocupa as comerciantes: a venda ambulante.
Lena escusa-se a falar sobre as vendedeiras ambulantes. “Elas é que devem contar a sua vida”, diz, não negando porém que há também desentendimento com elas. Fica chateada, por exemplo, quando vê colocarem os produtos “na bolsa” e sair para “vender na rua”, na sua frente.
É preciso que os guardas actuem, considera. É “obrigação tomar isso, porque nós todas somos o pão dos filhos!”, apela.
Ainda sobre as vendedeiras ambulantes, Mizilda considera porém que já se nota também a diferença. Nas ruas do Plateau, a “guarda municipal não deixa”. Tomam os produtos, algo que esta rabidante considera “direito”. Correcto, pois “assim toda a gente entra no mercado para comprar”.
Fora ou dentro do mercado “quando são apanhadas, os guardas actuam, mas é complicado pois, mesmo penalizadas, persistem em vender...”, lamenta, por seu turno, Patrícia Freire.
A zona das bananas, no piso 1, está praticamente vazia. Este ano há pouca banana, e está cara.
“Compro a 100 escudos [o quilo]. Para vir para a Praia, lá de Santiago, pago 150. Quando aqui chego já está quase a 200…”, contabiliza uma vendedeira.
Além disso, como há muito comércio de banana na venda ambulante, “se comprarem na rua, nós aqui em cima já não vendemos.”
Mas não é apenas esse o motivo para as bancas vazias. É que o comércio da banana faz-se principalmente nas primeiras horas de actividade.
E muita banana é na verdade vendida … às “meninas que vão ‘bendi na mundo’”, ou seja, na rua, como nos conta uma outra vendedeira.
O que interessa é vender, e cria-se assim um negócio que se por um lado prejudica o mercado, por outro garante o escoamento rápido do produto e o rendimento. Os problemas complexificam-se.
Seja como for, para a maioria das vendedeiras essa concorrência das rabidantes ambulantes, mais do que ilegal é desleal. Mas vendo que não conseguem contornar essa concorrência, muitas são as que acabam por abandonar as bancas e ir elas próprias vender para a rua.
“Os consumidores não chegam até elas e elas tendem, então, a sair do mercado pois acham que vão conseguir vender mais”, explica Patrícia Freire. Há inclusive bancas que ficam vazias devido a esta prática.
Ao abandonarem o mercado, perdem também a continuidade de cuidados – a nível de saúde, bem-estar, formação, etc - de que podem usufruir no Mercado.
Perde-se também o controle da qualidade dos próprios produtos.
“Há este condicionamento, que fica fora do nosso alcance”.
Quanto à proliferação dos minimercados, esta não parece ser uma grande preocupação das vendedeiras. Até porque, este tipo de estabelecimentos são, no entender de Patrícia Freire, de natureza muito diferente dos mercados.
“Os mercados tradicionais ainda guardam prestígio do fresco, da novidade, que o consumidor valoriza, quem gosta dos mercados continua a gostar”, analisa, apontado que, um pouco por todo o mundo se está a verificar que os mercados estão, novamente, “na moda”. Basta ir, por exemplo, a Portugal, ou Espanha para ver essa nova vida.
Crianças na escola
Uma outra mudança visível nos mercados é… a cada vez maior ausência de crianças.
Antigamente não era assim. Várias vendedeiras que hoje estão no mercado foram praticamente criadas aqui. É o caso de Mizilda, de 37 anos, que é vendedeira há quase 20. Tanto ela como a irmã, de 21 foram, aqui criadas, trazidas pela mãe, também ela comerciante. E também Lena trouxe os filhos, não para que a ajudassem mas porque não tinha onde os deixar.
“A nossa terra mudou. Agora, tiram os meninos do mercado, mas temos jardim para os pôr”, aponta, lembrando com tristeza que há alguns anos as vendedeiras viviam com medo de que lhes retirassem as crianças e as levassem para o ICCA. Protegiam-se e encobriam-se umas às outras. Era “muito triste”, desabafa, lembrando esses tempo, e reiterando a satisfação de hoje haver mais “jardins”.
Os tempos mudaram. O que se vê é diferente, mas a verdade é que em 2017 um levantamento feito pela Gestão do Mercado identificou 108 crianças que ainda acompanhavam, muitas vezes, as mães nas vendas. Algo que se pretende absolutamente eliminar.
No Plateau não há “espaço” para a criação de creches ou outras estruturas da CMP que possam albergar crianças. Mas, de acordo com Patrícia Freire, face às alternativas (nomeadamente as de carácter social) que a CMP já proporciona em outras zonas, bem como à rede de parcerias que já existe e está em expansão, há várias outras possibilidades de resposta.
“Em várias comunidades existe uma creche que atende a população daquele lugar”, aponta, destacando que as vendedeiras habitam, geralmente, em outros bairros (e muitas delas são até do interior). Além disso, há as referidas parcerias. Assim, considera, o maior problema é, não a ausência de respostas, mas o hábito.
“Muitas pessoas cresceram aqui no mercado. Sempre venderam junto com as suas crianças...” E hábitos não se mudam facilmente.
Turismo e restauração
O mercado é um dos principais pontos turísticos do Plateau e o crescente número de turistas que visita a cidade, traduz-se, também, num aumento do fluxo aí.
Também a nível do Turismo há muitos planos: “dar formação às vendedeiras, para que quando os turistas vêm, andem à vontade no mercado, sem guias, porque existem polos e vendedeiras com formação na arte de bem receber, com a morabeza dos cabo-verdianos”, diz a gestora.
As vendedeiras gostam destas “visitas”, mas, no fundo, para o negócio da venda de frescos poucos rendimentos traz, consideram.
“Turistas, passam sempre, mas não compram nada... só passam para ver”, conta Lena. “É só para ver se estamos bonitas”, brinca.
Mas se é verdade que não se vê os turistas comprar, já são vários os que pelo menos almoçam no Mercado. Aliás, a restauração é uma das apostas mais acarinhadas por esta Gestão. O projecto ainda está em curso, mas pretende-se criar uma praça alimentar no piso superior, liberando a área do Piso 0 para a criação de uma “praça de serviços que atenderá os comerciantes, as necessidade do mercado”. Está ainda contemplada “uma loja de souvenirs, para turistas”.
No primeiro andar, entretanto, estão previstas duas zonas (nos dois cantos), uma para refeições mais rápidas e económicas, outra, mais gourmet. Prevista está também a criação de quatro esplanadas, em zona actualmente não preenchida.
“Estamos a trabalhar um novo projecto, incrementando as novidades, modernizando, dando mais condições, para passarmos uma impressão de mais qualidade”, aponta a gestora.
Assim, com efeito, “estamos a seguir a tendência mundial”, em que os mercados estão a ser modernizados e convertidos em espaços mais sofisticados e agradáveis, chamando novos públicos, sem deixar de fora os consumidores habituais.
Além de atrair consumidores, Patrícia Freire acredita que com todo o trabalho feito neste espaço e junto às vendedeiras, também elas vão querer sair das ruas e vir para o mercado. Até, porque, lá está o círculo, mais gente, mais potenciais consumidores, mais hipóteses de venda: “Com essas garantias, com certeza os mercados vão voltar outra vez na moda e a cidade vai ficar organizada. Todos nos ganhamos...”, diz, optimista.
Sensibilizar os consumidores
cidade que queremos está nas mãos de todos nós. E a saúde, em grande medida também. E começa no que se põe na mesa. “Quem gosta de saúde, compra-nos a nós”, resume Lena, vendedeira do mercado do Plateau.
Ao longo dos últimos anos, a CMP lançou uma “ofensiva” ao comércio de rua. Amiúde surgiram relatos de confrontos entre a guarda municipal e as rabidantes ambulantes, salientando-se junto à opinião pública uma certa compreensão da teimosia destas em continuar a lide ilegal. Afinal, estão a ganhar o pão, argumenta-se.
O trabalho coercivo e punitivo não resultou. Nem as alternativas. Nem as campanhas. “Sensibilizamo-las e colocamo-las no mercado, mas no entanto, há sempre mais. Surgem de um dia para o outro. É um flagelo”, conta Elizabete Graça, administradora do Serviço Público de Abastecimento do Município da Praia (SEPAMP).
As ruas continuam pois repletas de venda informal. As vendedeiras revoltam-se, escondem-se, e depois voltam às ruas. E têm clientes.
Agora o foco é outro. Destaca-se a questão da saúde. O SEPAMP tem em preparação, inclusive, uma campanha de sensibilização voltada para o consumidor, alertando para o perigo de comprar na rua.
A campanha mostra “o perigo de comprar produtos alimentícios na rua, expostos ao sol. O perigo que isso traz para a saúde pública”, explica Elizabete Graça. “Se minimizarmos a compra de produtos na rua, aí as vendedeiras sentem a necessidade de entrarem no mercado”, acredita.
Patrícia Freire, gestora do Mercado do Plateau expõe a questão assim: “Temos de pensar no regresso aos mercados, porque uma cidade organizada tem os seus espaços. A Câmara Municipal faz avultados investimentos, tentando organizar a cidade, organizar os mercados, e, no entanto, esta desordem [da venda nas ruas] é preocupante. E é preocupante não só a nível da organização da cidade em si, mas também da saúde e bem-estar da população. É um apelo que fazemos aos consumidores: coloquem na balança a sua saúde [e a comodidade da compra na rua]. E revejam também como os mercados estão organizados para os satisfazer”.
Praia conta com mais de 1500 vendedeiras cadastradas
A Praia com cerca de 1.550 vendedeiras cadastradas no Serviço Público de Abastecimento do Município da Praia (SEPAMP), muito embora nem todas estejam diariamente ou a tempo inteiro nas suas bancas. Essas vendedeiras estão espalhadas pelos sete mercados da capital (Plateau, Sucupira, Vila Nova, Achadinha, Eugénio Lima, Terra Branca e Achada Santo António).
Os números da ocupação são díspares. O mercado, no global, com maior taxa de ocupação é o de Sucupira. Falando apenas de verduras e frescos, destaca-se o Plateau. Aqui, estava previsto após a remodelação, lugar para 450 vendedeiras, mas o número já ultrapassa as 500, embora, como no resto dos mercados, e como referido, nem todas marquem presença diária nas bancas.
O mercado mais “abandonado” é o de Eugénio Lima. “Temos lá apenas cinco ou seis vendedeiras”, conta Elizabete Graça. O SEPAMP tem tentado contornar a situação, “mas elas saem logo de seguida.” Muitas vezes, pagam inclusive a taxa diária, vendem enquanto os fiscais estão no mercado e quando estes saem, elas saem também e vão vender para a rua, explica a administradora.
É já um hábito, não só do município, mas também de Santiago e até mesmo de Cabo Verde, considera.
“Não querem vender no mercado, se o mercado estiver no centro, aí ainda vendem, mas mesmo assim… temos de estar sempre atentos”. E nem a presença frequente de fiscais e polícias as dissuade.
Em relação às vendedeiras ambulantes, ou seja, aquelas que vendem apenas na rua, não há estatísticas. A flutuação constante, o esconde-esconde das autoridades, impossibilita o apuramento de números. Mas sabe-se que são muitas, incluindo pessoas de outros municípios que, diariamente, vêm vender os seus produtos.
Texto originalmente publicado na edição impressa doexpresso das ilhasnº 902 de 13 de Março de 2019.