Estes resultados foram apresentados esta segunda-feira durante um Workshop de apresentação do Estudo de Perdas de Água da Águas de Santiago (AdS) e o Estudo de Saneamento sobre a ETAR de Ribeira de Vinha em São Vicente, numa cerimónia co-presidida pelo Ministro de Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva, e pela representante do Grão-Ducado de Luxemburgo em Cabo verde, Angéle da Cruz.
Reagindo, o Ministro de Agricultura e Ambiente afirmou que esses valores representam uma perda para o sistema, do qual a AdS é a entidade gestora, e também para os clientes, enquanto consumidores de água. Reforçou ainda que é uma questão que preocupa a todos, devido à escassez de água no país.
“Não se pode produzir muita água, pôr na rede e boa parte dessa água não ser facturada por uma ou outra razão. Mas é importante salientar também que não se poderá resolver este tipo de problema sem que haja estudos apurados que permitam, de facto, detectar com relativa exactidão os problemas para que nós possamos resolve-los gradualmente”, reiterou.
Na mesma ocasião, Gilberto Silva disse que “não vale a pena” mobilizar mais água se não se reduzir as perdas, explicando que, quanto “mais água, mais perdas, menos sustentabilidade e menos eficiência”.
Governo está empenhado em inverter a situação
Conforme disse o ministro, o Governo está empenhado para, juntamente com os parceiros da cooperação e entidades gestoras, poder detectar e, progressivamente, eliminar as perdas e incorporar isto em todo o sistema tarifário.
“Porque não é possível continuarmos no tempo com estas perdas fazendo com que os clientes paguem pela ineficiência, digamos, da gestão ou então por falhas físicas que nós temos na rede”, enunciou.
Para o governante, numa década em que se fala de desenvolvimento sustentável “não faz sentido” manter números relativos às perdas que são “no mínimo escandalosos”. Justificou que as perdas advêm não só de infra-estruturas que precisam ser reabilitadas mas também de melhoria na gestão dos serviços.
“E o estudo, em concreto em relação às perdas em Achada Santo António, certamente vai pôr a nu esta realidade”, expôs Gilberto Silva, acrescentando que o “mais importante” são acções concretas no sentido de fazer com que a água que é produzida e colocada na rede chegue ao utente e que este pague também por este bem para que se possa ganhar em termos de eficiência e sustentabilidade.
“Acho que este princípio é para todos o mais basilar, mas a realidade contradiz este consenso. É necessário então trabalharmos muito fortemente, no sentido de, não só conhecermos as perdas e todos os factores que contribuem para as perdas, mas é também essencial que disto possamos desenvolver projectos e medidas muito concretas para conseguirmos a verdadeira redução das perdas”, manifestou.
“Pontos fracos”
Durante a apresentação dos resultados pela equipa da AQUAPOR, foram apontados como pontos fracos o elevado nível de água não facturada, implicando gastos operacionais avultados e proveitos minimizados. A idade média do parque de contadores é elevada e as condições de instalação dos contadores desadequadas e também a ausência de dados actualizados sobre a detecção de ilícitos de consumo na ASA, são outras razões indicadas por aqueles especialistas.