​Projecto científico quer recolher e sistematizar a biodiversidade do arquipélago

PorNuno Andrade Ferreira,7 nov 2019 6:10

Manuel José Biscoito
Manuel José Biscoito

Cabo Verde está a caminhar para a criação de uma colecção nacional de História Natural. Nesse sentido, a Faculdade de Engenharias e Ciências do Mar (FECM), em São Vicente, promove até sexta-feira uma formação em “museologia e colecções de história natural”, ministrada pelo biólogo marinho madeirense, Manuel José Biscoito.

A capacitação, promovida no âmbito do projecto Biocatalog, traz ao país o actual conservador e curador do Museu de História Natural da Madeira. Para Manuel Biscoito, reunir e preservar os espécimes que constituem a biodiversidade de um país é mais do que uma questão científica.

"É a documentação científica de uma realidade. Um espécime num frasquinho, e toda a informação associada, contam uma história, funciona como uma fotografia instantânea, no espaço e no tempo, para lá da nossa existência”, explica.

Num contexto de alterações climáticas, a existência de uma colecção de História Natural ajudará Cabo Verde a compreender melhor os seus impactos nos ecossistemas.

"As mudanças climáticas são uma realidade absoluta. As colecções científicas de História Natural desempenham um papel fundamental. Elas não vão promover o estudo das causas das alterações, vão sim documentar os efeitos de uma alteração climática”, antecipa o investigador madeirense.

Desenvolvido pela Universidade de Cabo Verde, através da FECM, e coordenado pelo professor Evandro Lopes, o projecto Biocatalog propõe a sistematização e partilha, com a comunidade científica e público em geral, da informação recolhida no âmbito de diferentes investigações científicas. Para isso, deverá ser criada uma base de dados online, a partir de uma colecção física, já iniciada.

Manuel José Biscoito destaca a importância do envolvimento da comunidade e do papel que a colecção pode desempenhar na educação informal dos cidadãos.

"É possível traduzir estas ideias em linguagem comum. As colecções são sítios óptimos para fazer visitas de estudo, para fazer aquilo que a universidade não faz, que é a educação informal. Esta ligação às comunidades é fundamental. Por um lado, para o contributo da formação das pessoas. Por outro, é um contributo para a sobrevivência da própria colecção”, defende.

Em 2017, de visita ao arquipélago, o Príncipe Alberto II, do Mónaco, entregou ao Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, um exemplar embalsamado de uma espécie de lagarto - já extinto - recolhido em Cabo Verde há mais de um século. Para Manuel Biscoito, esse gesto marcará o início simbólico da colecção nacional.

A formação em “museologia e colecções de história natural” começou segunda-feira, 4, e prolonga-se até sexta-feira, 8, com uma componente teórica e outra de carácter prático. 

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Autoria:Nuno Andrade Ferreira,7 nov 2019 6:10

Editado porSara Almeida  em  7 nov 2019 14:44

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