VoxPop : O que sabe e o que tem feito em relação ao novo coronavírus?

PorSheilla Ribeiro,29 mar 2020 10:33

O Expresso das Ilhas foi às ruas da cidade, nesta semana, para avaliar como os praienses estão respondendo à ameaça da COVID-19. Do medo, à divulgação das medidas de prevenção, entre elas a regra do distanciamento social – eis o que ouvimos de alguns moradores de quatro bairros da capital.

Arlindo Cardoso,

São Pedro

Estou seguindo rigorosa­mente as medidas de preven­ção do governo. Passo mais tempo em casa, embora pro­fissionalmente seja obrigado a sair. Também estou sempre a lavar as mãos e evito o contac­to com as pessoas, além disso tenho divulgado também no sentido de sensibilizar as pes­soas. Eu sou dono de uma es­cola de condução e a Direcção Geral dos Transportes tinha suspendido os exames, mas todas as escolas de condução da Praia reuniram-se e acha­mos que suspender apenas os exames não seria uma resolu­ção dos problemas. Isto por­que levamos em conta que tra­balhamos em salas de aulas e muitas vezes as salas de aulas estão cheias, depois estamos em contacto permanente com um certo número de pessoas no carro e tudo isso poderia ser um canal de transmissão do vírus. Por isso, decidimos suspender todas as aulas de condução durante 15 dias. Apelamos ainda às outras escolas de condução do país para aderirem a essa causa que é do país inteiro.

É certo que por vezes sem querer, principalmente quan­do se tem família, as pessoas tentam abastecer o máximo que puderem. Mas, por acaso, em minha casa não fizemos essa corrida aos supermerca­dos porque achamos que não é necessário. Porque o pró­prio governo já deu garantias de que não vai faltar nada, os preços não vão subir, então não temos o porquê de fazer um estoque exagerado em casa. A aglomeração em su­permercados e lojas pode ser um canal de transmissão do vírus. Mas penso que a cidade está a prevenir.

Leya Silva,

Achada Santo António

Estou ciente sobre a COVID-19 porque todos os dias, na televisão, na rádio, informam sobre o que de­vemos fazer para combater esta pandemia. Eu tenho-me prevenido. Por exemplo, la­vando as mãos sempre com água e sabão e depois passo álcool ou gel desinfectan­te. Também tenho evitado abraçar as pessoas e passei a cumprimentar apenas com os cotovelos. No sábado, por exemplo, a minha sobrinha fez um ano, e tivemos de can­celar a festa. A minha mãe comprou algumas coisas e deixou em casa e hoje vamos comprar mais algumas coisas para aguentar a quarentena. Notei que os meus vizinhos também têm cumprido a qua­rentena o que é bom. Mas eu acho que a quarentena deve­ria ser obrigatória de modo a prevenir melhor. Porém fico um pouco triste porque aque­les que têm o pão de cada dia nas vendas, se não acharem nada não têm como dar aos seus filhos o que comer, este é que é o problema. Sem falar do medo que eu sinto porque o vírus tem matado muitas pessoas, principalmente na Itália.

Denise Monteiro,

Ponta d’Água

Desde que eu soube que o vírus está no país, adoptei algumas medidas de preven­ção. Estou a fazer quarente­na, se sair a primeira coisa que faço é lavar as mãos com água e vinagre, também limpo a casa com água e vinagre e bebo muito chá todos os dias. Também tive de explicar às crianças da minha casa que a partir de agora não podem brincar na rua, devem lavar as mãos sempre e que não devem se aproximar demais das pessoas. Entretanto, no­tei que nem todos os vizinhos têm ficado dentro das suas ca­sas. Alguns saem e ainda vão à casa dos outros. Por exem­plo, tenho uma vizinha que veio do Dakar na quinta-feira e não está a fazer quarentena. Ela veio para minha casa cum­primentar e eu disse logo que agora não é tempo de fazer vi­sitas, é cada um na sua casa, principalmente ela que veio de longe deve isolar-se por 14 dias. Ela ficou chateada. Por isso, considero que a quaren­tena deveria ser obrigatória, se essa vizinha tivesse ido à minha casa mais uma vez, eu teria denunciado porque ago­ra a saúde está em primeiro ligar. Estou com muito medo mas não há nada que eu pos­sa fazer por isso rezo todos os dias. E digo mais, o meu medo não é só por causa da doença, mas muito devido ao que vejo no Facebook e que deixam as pessoas com medo.

Lenisa Cabral,

Castelão

O que eu sei sobre a COVID-19 é derivado das notícias internacionais que acompanho desde o início. Por isso eu tenho uma noção do que é esse vírus e a gravi­dade da situação. Tenho pre­venido lavando as mãos com água e sabão frequentemen­te. Além disso venho evita­do lugares com aglomeração de pessoas, fico em casa e só saio em caso de necessidade. Alguns vizinhos têm ficado em casa, mas, infelizmente ainda há pessoas que não entende­ram a gravidade da situação. Ainda vejo muitas pessoas em lojas e bares.

Apesar de muitas notícias e informações na televisão acer­ca do coronavírus, ainda não é suficiente para que as pessoas tomem consciência. Por isso, penso que a quarentena deve­ria ser obrigatória como uma das medidas para evitar que o vírus se alastre. Caso contrá­rio, a situação pode piorar e poderá ser tarde demais. Não há como não ter medo desta doença, basta ver o que acon­tece nos outros países e o nos­so país não tem estrutura nem condições. Daí a importância de manter a calma e seguir to­das as instruções.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 955 de 25 de Março de 2020. 

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Autoria:Sheilla Ribeiro,29 mar 2020 10:33

Editado porJorge Montezinho  em  30 mar 2020 9:50

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