José Maria Neves propõe medidas para o pós-pandemia

PorExpresso das Ilhas,9 mai 2020 14:34

Segundo antigo PM, os recursos poderão ser mobilizados tanto dentro como fora do país
Segundo antigo PM, os recursos poderão ser mobilizados tanto dentro como fora do país

Entre as dez ideias avançadas pelo antigo Primeiro-Ministro, está a criação de um fundo de recuperação de 210 milhões de euros

Num texto publicado na sua página do Facebook, com o título agendar o futuro, José Maria Neves, sugere uma agenda de médio e longo prazo que comporte dez acções. Entre elas, escreve o antigo presidente do PAICV, a criação de um Fundo de Recuperação de cerca de 210 milhões de Euros (mais ou menos 10% do PIB), para fazer face a esse programa de emergência.

Para o antigo Chefe de Governo, os recursos poderão ser mobilizados tanto dentro (medidas fiscais e redução de custos de funcionamento da máquina pública) como fora do país, recorrendo aos parceiros externos bilaterais e multilaterais (doação, renegociação da dívida e empréstimos concessionais).

Dentro da economia, o antigo dirigente político defende que se devem apoiar todas as empresas, “independentemente da situação das mesmas junto ao fisco e à previdência social” e que as dívidas fiscais e parafiscais devem ser “congeladas e renegociadas”. Para José Maria Neves, deve-se também garantir empréstimos às micro e pequenas empresas e aos trabalhadores por conta própria a taxas de juro próximas do zero e manter os programas de transferência de rendas aos mais vulneráveis.

Para o ex-primeiro-ministro (2001-2016), o impacto da pandemia da covid-19 em Cabo Verde será “muito grande” e a “devastação social e económica atingirá proporções gigantescas”.

“Segundo projecções do FMI, o défice poderá atingir -8,3% do PIB, a dívida 132,6% e o crescimento - 4%. Embora o FMI espere uma rápida recuperação em 2021, com um crescimento do PIB em torno de 5,5%, não sou tão optimista. A contracção poderá ser muito maior, o turismo recuperar-se lentamente, verificar-se uma redução substancial dos investimentos externos e das remessas dos emigrantes e a esmagadora maioria das micro e pequenas empresas, mais de 90% do tecido empresarial, não conseguir reerguer-se da crise”, escreve José Maria Neves, sublinhando que a taxa de desemprego poderá “duplicar ou mesmo triplicar”.

Reforma e modernização do Estado e da Administração Pública, transição digital, transformação do sistema educativo e da formação profissional, uma profunda reforma do Sistema Nacional de Saúde e um programa de mobilização de água são outras das medidas que o ex-primeiro-ministro detalha no texto.

“Insisto numa ideia que me é cara: é fundamental um pacto de reconstrução nacional, envolvendo o governo, os partidos e os principais actores políticos, económicos e sociais, com os consensos e acordos que são essenciais para que o país possa fazer face a tão grave crise. Não é tempo de pensar em eleições, é tempo de pensar e cumprir Cabo Verde, em diálogo e com o contributo de todos”, conclui José Maria Neves.

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Autoria:Expresso das Ilhas,9 mai 2020 14:34

Editado porJorge Montezinho  em  10 mai 2020 10:50

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