Em declarações ao Expresso das Ilhas, o actor e encenador João Branco disse que mais do que relacionada com o abuso sexual de menores, a performance silenciosa relaciona-se com a forma como o Estado tem lidado com este problema.
“Estamos a chamar atenção para forma como o Estado está a lidar com este problema, em que por causa de penas leves e por causa de medidas de coacção absolutamente incompreensíveis está a colocar os acusados de novo no mesmo ambiente das próprias vítimas, não colocando o ónus naquilo que deve ser colocado o ónus. Neste caso que é na protecção das vítimas, crianças e adolescentes”, declarou.
Segundo o artista, o grupo está satisfeito com o agendamento para uma proposta de revisão do Código Penal no próximo dia 29, mas, ainda assim pretende exercer pressão social para que de facto este tipo de crime seja encarado pelo Estado de uma “outra maneira”.
“Isto é sobretudo um pedido e uma exigência para que algo de concreto se faça em relação a este assunto. Nós pensamos que o código penal tem de ser revisto, as medidas de coacção têm de ser muito mais duras e a verdade é que os recentes casos de Santo Antão e do Sal são inadmissíveis num Estado de Direito, porque a protecção às vítimas não foi de forma nenhuma salvaguardada”, considerou.
Apesar da ideia da performance silenciosa ter surgido há pouco tempo, João Branco revela que muitos cidadãos da cidade já manifestaram publicamente que estarão presentes, como forma de marcar o posicionamento social “bastante forte” da cidade do Mindelo em relação a este assunto.
A performance silenciosa, informou, será filmado e depois divulgado. A divulgação do vídeo também será uma forma de manifestação.
A marcha está prevista para acontecer por volta do meio-dia, com concentração em frente ao Centro Cultural Português , passando pela Rua de Lisboa, terminando em frente ao Palácio do Povo.
Os artistas levarão alguns cartazes para chamar a atenção para essa problemática.