Cabo Verde inicia produção de “inimigos naturais” da lagarta do cartucho

PorExpresso das Ilhas,31 ago 2020 17:11

O Ministério da Agricultura e Ambiente iniciou a produção de Trichogramma, um inimigo natural da lagarta do cartucho do milho para combater, de forma biológica, a praga que desde 2016 afecta Cabo Verde.

O projecto, que surge no âmbito da política de luta biológica e está a ser conduzido a partir do Laboratório do INIDA, teve hoje o seu primeiro 'lançamento' durante o arranque da campanha agrícola que decorreu  em São Salvador do Mundo, informa o Ministério na sua página de Facebook.

As fábricas de produção dos Trichogramma, avança a mesma fonte, estão localizadas nas ilhas de Santiago e Santo Antão e brevemente será também instalada uma na ilha do Fogo. “Estas fábricas têm condições para produzir inimigos naturais que cobrem as necessidades de todo o país”, garante o MAA.

Conforme explica ainda nota, “a libertação do Trichogramma (inimigo natural) é considerada essencial para mitigação dos efeitos de invasão da praga, a Lagarta do Cartucho do Milho (Spodoptera frugiperda), entre outras pragas que este parasitoide (Trichogramma pretiosum) pode controlar em Cabo Verde”. Os pequenos insectos vão introduzidos nas plantações de milho, como forma de controlo da a praga.

A produção do Trichogramma vem, como referido, na linha da política de combate biológico às pragas, que dá preferência ao uso de produtos naturais no tratamento de pragas. Na impossibilidade de se fazer o tratamento das pragas com recurso 100% a produtos biológicos, “sempre que possível este deve ser o caminho, a utilização de produtos mais amigos do ambiente”, explica o Ministro da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva, citado na referida nota.

A lagarta do cartucho é uma praga relativamente nova em Cabo Verde, contra a qual está a ser feito um intenso esforço de controlo desde 2016, pelos serviços do MAA tendo por base uma equipa de investigação liderada por INIDA.

“O controlo a esta praga é de abrangência nacional, e durante os meses de Agosto, Setembro e Outubro, equipas do MAA estarão presentes no terreno controlando esta praga, no sentido de garantir um ano agrícola bem-sucedido”, acrescenta a nota.

Lançada Campanha de Plantação Agroflorestal 2020

Na visita às Fábricas do Trichogramma, o Ministro foi acompanhado pela representante da FAO em Cabo Verde, Ana Laura Touza. Esta foi uma visita enquadrada na Campanha de Plantação Agroflorestal 2020, que contou também com a presença do Primeiro-Ministro, Ulisses Correia e Silva, e decorreu em São Lourenço dos Órgãos, mais concretamente na zona do perímetro florestal e agroflorestal de Longueira e arredores.

A campanha, também hoje iniciada, como referido, arrancou na “sequência do registo de precipitações significativas na ilha de Santiago, com o objectivo de dar maior visibilidade aos diferentes projetos do MAA como sejam o projecto de Ordenamento e Manutenção Florestal, o projecto REFLOR-CV, o projeto POSER Clima, o BIOTUR/GEF Small Grants, de entre outros, assim como a própria Campanha de plantação que tem sido anual e a nível nacional”, explica o MAA, em um outro post na sua página de Facebook.

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A FAO em Cabo Verde, por seu turno, explica que a iniciativa engloba vários projectos, sendo um deles o “Reforço da capacidade de adaptação e resiliência no sector florestal em Cabo Verde”, designado por REFLOR-CV.

No âmbito do REFLOR-CV, refere a Agência da ONU, são mantidos protocolos com a Associação Pé di Monte para intervenção na zona de Longueira. "Num 1º protocolo, no valor de perto de 1.800.000 escudos, foram restaurados 12 hectares de floresta degradada. Nesta altura, foi assinado um novo protocolo para intervenção em 25 hectares, com a plantação de 10 mil plantas, no valor de quase 3.800.000 escudos".

O REFLOP-CV é um projecto do Governo de Cabo Verde, financiado pela União Europeia e gerido pela FAO, “que também financia. O principal objetivo é o de aumentar a resiliência e a capacidade de adaptação para enfrentar os riscos adicionais colocados pelas mudanças climáticas na desertificação e degradação da terra em Cabo Verde”, explica em nota de imprensa.

A acção realizada esta manhã foi ainda, segundo o Primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, “um acto simbólico, para sensibilizar e consciencializar as pessoas para a importância do meio ambiente numa perspectiva de plantação e de não destruir as florestas”.

O Ministério da Agricultura e Ambiente tem disponível nos diferentes viveiros, um total de cerca de 91 mil plantas, fruteiras e forrageiras e 18,5 mil plantas de feijão congo, recordou ainda o chefe de governo.

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Autoria:Expresso das Ilhas,31 ago 2020 17:11

Editado porSara Almeida  em  1 set 2020 18:45

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