Em declarações à Inforpress, por ocasião do Dia Mundial da Criança, que se assinala esta terça, a presidente da Associação das Crianças Desfavorecidas (Acrides), Lourença Tavares, disse que a pandemia está a agravar a situação da pobreza em Cabo Verde e o sofrimento das crianças mais vulneráveis.
“Esta situação de não ir à escola, com o aumento da pobreza, iremos ter mais crianças nas ruas, mais crianças a sofrer. E o trabalho infantil irá aumentar, a nível mundial, e das piores formas, pelo que devemos estar atentos e pensar em todos os cabo-verdianos”, disse a activista.
Lourença Tavares defendeu a necessidade de colocar as crianças em situação de vulnerabilidade no centro das acções.
“É momento do Governo central e os governos locais, com a sociedade civil, tentarmos e vermos o que podemos fazer, juntos, para que a debilidade dos cabo-verdianos em situação de vulnerabilidade não seja sentida”, apelou.
A presidente do Instituto da Criança e Adolescente (ICCA), Maria do Nascimento, também admite o agravamento da vulnerabilidade das crianças pobres com a crise pandemia, que para além de problemas sanitários tem gerado graves problemas económicos e a perda do rendimento das famílias.
“Nós temos notado alguns casos de crianças na rua e principalmente nesta época de covid-19. Nós estamos a trabalhar com as famílias no sentido de as mesmas serem empoderadas e poderem receber, de volta, as crianças que estão nas ruas”, sublinhou.
Maria do Nascimento adiantou que em relação ao trabalho infantil, o ICCA está a fazer um trabalho de recolha de informações para ver até que ponto essa situação, que está a ser vivida, põe em perigo os ganhos conseguidos.
“O trabalho infantil que é feito em Cabo Verde é mais informal, é mais difícil de ter dados concretos”, disse. A responsável adiantou que está previsto para este ano a realização de um inquérito sobre o trabalho infantil, para saber qual é situação actual, uma vez que os últimos dados são de 2012.