Ao longo de 24 meses, no âmbito do Projeto RAÍZES+, serão realizadas diversas actividades na Ilha Brava, nomeadamente o mapeamento dos actores turísticos, plano de marketing, centro de interpretação do território, levantamento e mapeamento dos caminhos vicinais, criação de marca e identidade visual e o site e vídeo promocional para a Ilha Brava.
Já para as duas ilhas o projecto contempla assistência técnica a empresários, formação em marketing digital, selo de origem para os produtos e serviços de Santo Antão e Brava e criação de um posto de venda de produtos locais e artesanato em cada uma das ilhas.
O objectivo do projecto, explica Jorge Revez, presidente da Associação de Defesa do Património de Mértola (no município português) responsável pelo projecto Raízes + é, partindo do conhecimento profundo sobre os pontos fortes e fracos de cada uma das duas ilhas, promover o turismo sustentável e inclusivo em Santo Antão e Brava, “robustecendo os esforços de cooperação já realizados em Santo Antão e transferindo conhecimento e práticas para a Ilha Brava”.
O Projecto Raízes + que decorre nas duas ilhas até 2023 dá continuidade ao anterior projecto Raízes que decorreu apenas em Santo Antão 2019, 2020 e 2021.
Entretanto, o Raízes+, embora seja no fundo o mesmo projecto e decorre paralelamente nas duas ilhas, não é uma réplica do que foi realizado em Santo Antão há alguns anos atras. “O projecto decorre paralelemente nas duas ilhas, sendo que na ilha de Santo Antão já é outro tipo de actividades a desenvolver-se, porque algumas mais imediatas e prioritárias já tinham sido desenvolvidas, mas na Ilha Brava essas actividades não estavam ainda desenvolvidas. Em Santo Antão já estamos a desenvolver uma campanha de marketing digital, mas na Ilha Brava não há condições ainda, não se justifica ainda o lançamento desta campanha. Pelo contrário, estamos a fazer na Ilha Brava a criação da marca e da identidade visual, uma coisa que Santo Antão já tem, mas Brava não”, elucida.
Campanhas de Marketing Digital
Jorge Revez acrescenta que só a partir do momento da criação desta marca e de uma identidade visual da Ilha Brava é que será possível fazer campanhas de marketing digital, da dinamização das rotas, “ou seja, todo um conjunto de trabalho que vai no fundo pôr na agenda do turismo de Cabo Verde também a Ilha Brava que de alguma forma, por várias circunstâncias, acaba por ser uma ilha ainda um pouco à margem do turismo e é nesse sentido que este projecto desenvolve muitas actividades com o objectivo de aproximar a Ilha Brava das dinâmicas do turismo em Cabo Verde”.
Além do foco nas ilhas de Santo Antão e Brava o Projecto Raízes está desenvolvendo um conjunto de actividades estruturais também para Cabo Verde.
Na sequência, foi criado e está ainda a ser implementado e a ocorrer o primeiro doutoramento em Turismo em Cabo Verde que é um dos resultados deste projecto Raízes e também um primeiro doutoramento em Cabo Verde em ciências económicas e empresariais. “Também fizemos estudos de perfil do turista em algumas ilhas. Estamos a trabalhar muito na organização dos destinos turísticos em termos de ilha. Portanto, isto implica também experimentar, desenvolver e promover tudo isto em várias ilhas não apenas em Santo Antão”.
O que é a ADPM?
A ADPM (Associação de Defesa do Património de Mértola) é uma associação portuguesa sediada no município de Mértola vocacionada para questões culturais e do património. Aliás a ideia do projecto vem na sequencia do trabalho que a associação tem vindo a realizar em Cabo Verde há cerca de 25 anos, sobretudo na ilha de Santo Antão.
“Durante todos estes anos temos trabalhado muito as questões da formação e da capacitação, da educação, da agricultura, sempre no sentido de que estas práticas resultem no benefício das comunidades locais, dos agricultores e dos criadores de gado”, assegura Jorge Revez.
“O trabalho que a ADPM fez ao longo dos 25 anos foi preparar a ilha de Santo Antão nos vários aspectos, da cultura, da formação, da educação para depois trabalharmos, como estamos a fazer agora, o turismo em concreto. No fundo, o turismo que está nos últimos anos a ter um incremento muito grande em Santo Antão é o resultado de tudo isto e está a dar bons resultados precisamente porque foi feito este trabalho anterior de ligação da agricultura, do património ambiental, do património construído, do património imaterial da ilha de Santo Antão que o turismo está agora a aproveitar”.
O Projecto Raízes+ é realizado em parceria com as câmaras municipais de Santo Antão e da Brava e é cofinanciado pelo Instituto Camões, I.P. e pelo Fundo para a Sustentabilidade Social do Turismo em Cabo Verde.
O mais recente projecto da ADPM chama-se Maio 20/25, e decorre na ilha do mesmo nome. “Vamos trabalhar na mesma perspectiva, mas aqui com uma dimensão maior, pois é um projecto para quatro anos, adaptado àquilo que é previsível que aconteça na ilha do Maio nos próximos anos”, conclui presidente da ADPM.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1061 de 30 de Março de 2022.