“Com uma área protegida já se pode implementar medidas de regulamentação e controlo. A ideia é continuar com o turismo de observação de baleias, mas de uma forma mais controlada, assim como o tráfego marítimo ou a pesca. Mas o primeiro passo é conseguir que seja declarada como área protegida”, afirmou, em entrevista à Lusa, o biólogo espanhol Pedro López, radicado na Boa Vista e um dos fundadores de associação ambientalista.
A presença das baleias-de-bossa (megaptera novaeangliae) na Boa Vista faz-se sentir anualmente entre Fevereiro e Junho, período de reprodução, viajando estas mais de 4.000 quilómetros, do norte do Atlântico para as águas da ilha, onde a sua presença atrai anualmente milhares de turistas, em excursões marítimas em que é possível ver adultos e crias.
“Antigamente Cabo Verde era um local de caça de baleias. Os barcos do norte da América vinham para cá e contratavam pessoal local, marinheiros que depois criaram a colónia cabo-verdiana nos Estados Unidos”, recorda o biólogo.
Com uma população para reprodução em Cabo Verde – único local conhecido para a sua reprodução no Atlântico Norte Oriental - estimada em 300 a 400 indivíduos, Pedro López admite que a espécie, ali, está ameaçada.
“Esta população está considerada em perigo de extinção, é muito pequena. A espécie não, a nível mundial não está ameaçada”, explicou ainda.
Segundo a Bios.CV, na actual temporada, já foram avistadas 20 crias de baleia-de-bossa nas águas da Boa Vista.
Estas baleias, quando adultas, têm entre 12 e 16 metros de comprimento e 25 e 40 toneladas de peso, e as crias nascem já com uma tonelada e quatro a cinco metros.
“São filhotes bastante grandes”, brincou Pedro López.
Após a reprodução nas águas ao redor da baía de Sal Rei, estas baleias regressam depois de Junho às águas da Noruega, Islândia e ilhas Britânicas: “As fêmeas fazem esta migração a cada três anos, mas os machos podem fazer todos os anos”.
Para o biólogo da Bios.CV, seria fundamental criar uma reserva nestas águas e garante que há contactos entre os vários grupos de conservação cabo-verdianos para criar uma “rede de áreas marinhas protegidas” em Cabo Verde, incluindo a da Boa Vista.
A Bios.CV já identificou 24 espécies de cetáceos nas águas de Cabo Verde.