Portugueses descobrem Cabo Verde entre o turismo e o volunturismo

PorExpresso das Ilhas, Lusa,2 mai 2022 9:10

Vários portugueses têm vindo a descobrir novos conceitos de férias, associando turismo ao voluntariado, e usam as suas capacidades profissionais no apoio a diferentes associações cabo-verdianas.

É o caso da farmacêutica Ana Isabel Pereira, das professoras Ana Fernandes e Ana Filipa e do casal Beatriz Marafuga e Válter Rodrigues, que são fisioterapeutas, grupo que por estes dias está de férias em São Vicente, enquanto também assegura voluntariado.

Válter Rodrigues conseguiu realizar um desejo que alimentava desde antes da pandemia de covid-19 e está agora a descobrir Cabo Verde, através dos trabalhos e apoio que tem prestado na ilha de São Vicente, o que vai além das férias.

“Era algo que já queria fazer há algum tempo, a parte do voluntariado em si, nunca tinha feito fora de Portugal, apesar de já ter algumas experiências com jovens em colónias de férias, por exemplo, como monitor. Na verdade, foi a minha namorada Beatriz que deu conta do programa de voluntarismo de Cabo Verde, em 2019, mas com a pandemia não se concretizou a nossa vinda, até agora”, contou.

Este fisioterapeuta de 31 anos, de Setúbal, e que visita São Vicente pela primeira vez, admitiu que não tinha a mesma motivação da namorada, mas a pandemia levou-o a reflectir e a pensar em fazer trabalhos sociais fora de Portugal.

“Parece que estava muito atolado no dia-a-dia de trabalho, muito stressado e muitas vezes não há tempo para pensarmos. Se calhar a pandemia trouxe este lado bom de podermos pensar mais e agora surgiu esta oportunidade e tiramos aqui uns dias, dentro do que conseguimos”, explicou.

Neste momento, está a utilizar em Cabo Verde a sua experiência de nove anos como fisioterapeuta, trabalhando com pessoas com problemas respiratórios ou incapacidades funcionais, idosos e com jovens desportistas.

“O nosso contributo aqui é tentarmos conhecer a realidade e ajudar o Centro de Reabilitação que há em São Vicente. E tivemos a oportunidade de conhecer as crianças que têm paralisia cerebral, alguns deles mais dependentes. Temos previsto voltar a estar com os cuidadores para lhes dar algumas estratégias para que possam estar mais capazes de cuidar das crianças do ponto de vista dos problemas que possuem, ao nível das articulações, atrofias musculares”, detalhou.

Na lista deste casal de turistas e voluntários está também o trabalho com os idosos em centros de dia e o apoio aos cuidadores destes centros, com o intuito de melhorar a qualidade de vida destes utentes.

Tudo isto acontece entre dias de férias em Cabo Verde, planos de trabalho que se misturam com projetos de descanso e a aventura por aquela ilha.

“Tem sido positivo porque nem eu e nem a Beatriz chegámos a planear as férias cá, viemos à mercê do que o Miguel [responsável pela Associação Voluntarismo São Vicente] e das pessoas com quem temos estado a lidar aqui tinham para nos propor e falar. Temos tido alguns períodos do dia em que aproveitamos para conhecer alguns pontos de maior interesse, fizemos uma trilha até ao farol, depois fomos dar um mergulho à praia”, explicou ainda.

Para compensar o que o casal não conseguiu aproveitar nesta viagem, o fisioterapeuta manifestou o desejo de regressar ao Mindelo, além de estarem já a projectar ajudar as organizações por onde passaram.

A Organização das Mulheres de Cabo Verde, em São Vicente, é uma das associações contempladas pelo grupo de cinco jovens voluntaristas e que depois reencaminha cada um, tendo em conta as suas formações.

“Retomamos a parceria com o voluntarismo, depois de estar suspenso por algum tempo. Já é a terceira vez que estamos a receber voluntários, que trazem uma mais-valia para a OMCV”, frisou à Lusa a delegada desta Organização Não-Governamental cabo-verdiana, Fátima Balbina Lima.

Além de formações na OMCV, os voluntários têm desenvolvido actividades com crianças e nos serviços de saúde.

“Estão espalhados pelos lares de idosos, no centro de crianças especiais de Chã de Alecrim e nos jardins Arco Iris, Infância Feliz, no Calhau e Educarte, na Ribeira Bote. Têm chegado mais turistas das áreas da educação e da saúde, além de empreendedorismo”, acrescentou.

De 15 de Abril a 06 de Maio, estes turistas portugueses, que são também voluntários em São Vicente, preveem trabalhar com diferentes faixas etárias e associações, estabelecendo ligações que dizem querer levar consigo.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,2 mai 2022 9:10

Editado porAndre Amaral  em  2 mai 2022 16:46

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