Há 180 anos publicava-se em Cabo Verde o primeiro número do Boletim Oficial

PorExpresso das Ilhas, Inforpress,24 ago 2022 8:26

Completam-se hoje 180 anos da publicação do primeiro número do Boletim Oficial, uma data que marca a história da imprensa em Cabo Verde, tornando o arquipélago pioneiro da introdução do prelo na África “portuguesa”.

Em 1836, segundo João Nobre de Oliveira, o governo português, através do ministro da Marinha e do Ultramar, o marquês Bernardo Sá Nogueira, pelo Decreto de 7 de Dezembro, ordenou que nas colónias ultramarinas, “se imprimisse um Boletim, que teria como redactor o secretário do Governo”.

“(…) Ordenou-se o envio para as colónias de impressoras, papel, tintas, técnicos, – neste caso, tipógrafos, – enfim, tudo o que fosse preciso para pôr uma Imprensa a funcionar”, escreve o historiador João Nobre de Oliveira, para quem Cabo Verde saiu beneficiado, mercê da sua proximidade geográfica em relação à metrópole.

O objectivo destas publicações era veicular informações relevantes de âmbito legal, comercial e geral, aos residentes das respectivas colónias.

Em Cabo Verde, o boletim estava dividido em duas secções: “Interior” e “Exterior”, sendo esta última dedicada às notícias vindas do estrangeiro, chegadas ao arquipélago “pela última embarcação”. A secção “Interior” compreendia duas partes, a “parte oficial”, dedicada aos assuntos oficiais, em especial os diplomas legais, e a “parte não oficial”, que funcionava como um autêntico jornal, contendo sínteses de notícias de diversas publicações nacionais e produções literárias de autores cabo-verdianos ou residentes em Cabo Verde, o que denota o cunho informativo geral do Boletim Oficial.

Inicialmente o BO não tinha uma periodicidade regular, mas a partir da sua edição 33, datada de 27 de Maio de 1843, passou a ser publicado semanalmente, aos sábados.

Afinal, tudo começou em 1842, com o envio da primeira tipografia para a colónia de Cabo Verde, em que foi instalada a Typographia Nacional na vila de Sal-Rei, Boa Vista, onde funcionava a sede do Governo, que, temporariamente, fora transferida da cidade da Praia para a ilha das dunas.

Sal-Rei, de acordo com João Nobre de Oliveira, tornou-se importante não só pela sua pujança económica, devido ao comércio do sal, porque também “os governadores da colónia chegaram ali a residir por longos períodos, fugindo ao calor e às febres que assolavam a Praia durante a época das águas”.

A chegada da primeira impressora a Cabo Verde, mais o tipógrafo, coincide com a transferência da sede do Governador para Sal-Rei e daí Boa Vista se tornar no berço da imprensa cabo-verdiana.

Entretanto, mais tarde, por causa da febre-amarela, conforme Santa Rita Vieira, o Governador-Geral deixou a Boa Vista para se fixar na Brava, levando consigo a sua comitiva e a Imprensa. O Boletim Oficial passou a ser feito a partir da ilha das flores.

Mais tarde, o governo central conseguiu acabar com o hábito dos governadores de deslocarem os apetrechos da Imprensa Nacional, de cada vez que um governador decidia ir viver algum tempo noutra ilha. Assim, decidiu-se que mesmo com o governador fora, o BO tinha de ser impresso na capital, isto é, na Praia.

Depois de ter sido pioneiro na introdução de imprensa na então África portuguesa, Cabo Verde voltou a estar na dianteira dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, ao introduzir o Boletim Oficial Electrónico (BOE), em 2011.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Inforpress,24 ago 2022 8:26

Editado porA Redacção  em  25 ago 2022 8:31

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