Eurico Monteiro diz que emigração significativa de jovens é incentivo para melhorar condições de trabalho em Cabo Verde

PorSheilla Ribeiro,10 out 2022 14:57

Para o embaixador de Cabo Verde em Portugal, Eurico Monteiro, a emigração significativa de jovens para aquele país pode trazer a eventual perda de mão de obra qualificada, mas também significa que os empregadores terão de fazer um esforço adicional para oferecer melhores condições de trabalho aos seus trabalhadores, melhorando assim a sua qualidade de vida.

“Obviamente que uma emigração significativa de jovens para Portugal traz um problema e que tem a ver sobretudo com a eventual perda de mão de obra qualificada necessária às empresas dos mais variados sectores da economia de Cabo Verde, mas especialmente do turismo. Facto assente, no entanto: o Governo não tem poderes constitucionais de impedir um cidadão cabo-verdiano de emigrar, nos exactos termos do artigo 51º da Constituição: direito de sair e entrar livremente em Cabo Verde, bem como o direito de emigrar. Portanto, para um cidadão cabo-verdiano emigrar basta que o Estado estrangeiro de acolhimento para tanto lhe conceda autorização”, começou por escrever numa publicação no Facebook.

Conforme referiu, num mundo desigual, do ponto de vista de desenvolvimento poucos países podem fugir ao movimento global de saída dos seus cidadãos na procura incessante de melhores condições de vida.

Como exemplo, cita que nos últimos 30 anos muitos cidadãos de vários países da Costa Ocidental de Africa têm emigrado para Cabo Verde.

“Porquê? A resposta a esta pergunta, responde à pergunta que se faz a propósito da emigração de cabo-verdianos para Portugal. E por que razão os portugueses procuram o Reino Unido, Alemanha ou Luxemburgo? Com fronteiras fechadas, conhecemos de antemão os resultados, com boas ou más políticas. Com fronteiras abertas num mundo global e essencialmente livre, os resultados são outros, marcando presença este movimento tendencial dos cidadãos dos países mais pobres para os mais ricos”, lê-se.

Segundo Eurico Monteiro, ao mesmo tempo que se impõe ao país ser cada vez mais capaz de acelerar o processo de desenvolvimento, também urge encarar a emigração como um factor positivo para o país.

Isto porque, prosseguiu, não apenas oferece melhores condições materiais de vida aos emigrantes e suas famílias e diminui a pressão sobre as autoridades locais relativamente a um conjunto de matérias, como também constitui elemento gerador de investimentos, de remessa de divisas, de aumento da relevância do país de origem junto do Estado de acolhimento e de transferência de conhecimentos, com impacto a nível nacional e local.

Neste sentido, realçou que para além das remessas e dos investimentos, os países de acolhimento têm proporcionado condições para a formação de quadros de notável competência técnica e científica e para a produção cultural, artística e desportiva de elevada qualidade.

“Sai com destino a Portugal gente com formação profissional diversa, como motoristas, mecânicos, serralheiros, empregados de bar, cozinheiras, chefes de mesa e fazem falta ao país, com certeza. Isso significa que as empresas e autoridades devem intensificar ainda mais a formação profissional em função do mercado e os empregadores terão de fazer um esforço adicional para oferecer melhores condições de trabalho aos seus trabalhadores, melhorando a sua qualidade de vida. E o mercado pode “ditar” a necessidade de vários ou muitos postos de trabalho serem preenchidos com imigrantes provenientes da nossa região africana, ocupando lugares disponíveis”, defendeu.

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Portugal

Autoria:Sheilla Ribeiro,10 out 2022 14:57

Editado porAndre Amaral  em  11 out 2022 14:53

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