Na sequência das notícias avançadas sobre o impedimento da atracagem do navio para fazer a descarga de areia desde o dia 24 de Julho, a Enapor aponta dados técnicos demonstrativos de que há diferenças entre as características técnicas do navio e as características máximas do cais, permitidas aos navios para atracação no porto de Vale dos Cavaleiros.
Como exemplo indicou que o cais está dimensionado para navios de até 2.500 toneladas e que o Thames tem 4.357 toneladas, que o porto tem comprimento fora a fora de 90 metros e o navio tem 98,51 metros, sublinhando que as características técnicas do cais, são aquelas que foram definidas para o dimensionamento estrutural do porto.
“Esta condição do porto, exige uma boa capacidade de manobra dos navios a fim de evitar acidentes, que em último caso podem conduzir a encalhes e como se pode verificar, as dimensões do navio Thames encontram-se muito acima dos limites máximos permitidos para uma operação em segurança”, referiu em comunicado a administração da Enapor, destacando que o navio draga tem vindo a atracar no porto e de forma recorrente tem provocado incidentes operacionais.
A Enapor apontou o incidente operacional ocorrido em finais de Julho e início de Agosto, em que durante manobras de atracação embateu na rampa metálica danificando-a, impedindo assim a atracação de navios na mesma rampa durante alguns dias e registou-se igualmente um “blackout” no navio imobilizando-se na entrada do porto, o que criou sérios constrangimentos às operações, colocando em risco a circulação de mercadorias e pessoas, referiu o documento.
A empresa de administração dos portos esclarece ainda que após o último acidente que classificou de “grande envergadura”, desencadeou a proibição da atracação e houve a necessidade de reparar a rampa danificada, processo ainda em curso, para garantir o total funcionamento da rampa, sem restrições ao longo dos tempos.
“Face ao historial do navio draga Thames no porto, considera-se que a continuação das operações do navio no porto de Vale dos Cavaleiros representa um risco iminente e a probabilidade de acontecer acidentes é elevada e com consequências nefastas para o sector, podendo levar ao risco, no futuro, de tornar o porto inoperável e ao isolamento das Ilhas do Fogo e Brava”, lê-se no comunicado de esclarecimento.
Segundo o documento, a Enapor, na qualidade de Autoridade Portuária, considera a segurança um imperativo do sector marítimo e portuário e, consciente das suas responsabilidades para com o País, tem o dever de garantir a prestação de serviços eficientes e de qualidade aos clientes dos portos de Cabo Verde, com segurança e respeitando o ambiente e os requisitos técnicos mínimos estabelecidos.
A administração da Enapor avançou ainda que à semelhança do que tem vindo a fazer, está disponível para, junto com as entidades competentes, encontrar soluções para resolver quaisquer constrangimentos que possam resultar da manutenção de proibição da atracação do navio draga no porto de Vale dos Cavaleiros e junto da Câmara Municipal de São Filipe encontrar soluções para a questão de oferta de areia na ilha, via desassoreamento do Cais de Pesca.
A administração da Enapor destacou ainda que no âmbito do projecto da Economia Azul – Resiliência e Sustentabilidade, preparou a submissão de um projecto para a aquisição de um equipamento para ser utilizado na dragagem do Cais de Pesca do porto de Vale dos Cavaleiros.
Recorde-se que no passado dia 10 de Outubro o presidente da Câmara Municipal de São Filipe, Nuías Silva disse que ilha do Fogo está a viver uma situação “preocupante” com a disponibilização de inertes para a construção civil, nomeadamente areia, que tem bloqueado a dinâmica do desenvolvimento económico devido ao impedimento do navio draga de atracar no porto de Vale dos Cavaleiros para a descarga de areia.