A representante da FAO fez estas considerações na conferência intitulada “Sistemas agroalimentares sustentáveis para garantia da segurança alimentar e nutricional, desafios e perspectivas no contexto de crise”, no âmbito das celebrações do Dia Mundial Alimentação.
“Cabo Verde é um país de muita vulnerabilidade, sobre tudo à mudanças climáticas. Enfrenta quase cinco anos de seca, afectando sobre tudo a produção agrícola. Comparativamente com os países da sub-região, Cabo Verde está melhor, mas mesmo assim sofre os impactos da inflação. A subida dos preços a nível internacional afecta o país e soa o alerta para a questão da segurança alimentar”, disse.
Segundo Ana Touza, a ideia da conferência é falar, sensibilizar e difundir os impactos da crise na alimentação mundial.
Os dados de 2022 sobre a situação alimentar de Cabo Verde ainda não foram divulgados. Esta representante acredita que os números não serão animadores face ao ano de 2021, o que traduz numa ameaça ao cumprimento dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável em matéria de produção de alimentos e em matéria de nutrição.
“A FAO está a trabalhar com o Governo, na formulação de projectos e mobilizar recursos sobretudo focado nos municípios onde há uma situação mais crítica. Elaboração de projectos de apoio às famílias mais vulneráveis e também estamos a ajudar o Governo a mobilizar fundo adicional para a situação das crises”, avançou.
Porto Novo na ilha de Santo Antão, Santa Cruz na ilha de Santiago e Ribeira Grande de Santiago são os municípios apontados com mais vulnerabilidade no que se refere a segurança alimentar.
A representante da FAO em Cabo Verde esclarece que a situação deste município não traduzem necessariamente a situação de fome, mas sim há um número maior de famílias que tem que fazer um “sacrifício maior” para atingir uma dieta que seja saudável, a nível nutricional é uma dieta mais limitada.
“Estamos a mobilizar recursos juntamente com o Ministério da Agricultura e Ambiente um programa para o trabalho comunitário para gerar recursos nestes municípios, com problemas de emprego derivado também da situação da pandemia da Covid-19 que muitos pequenos negócios acabaram por fechar as portas, provocando escances de emprego em algumas árias do país”, avançou.
Por sua vez o ministro da Agriculta e Ambiente, Gilberto Silva, sublinha que a conjuntura internacional é pouco favorável por conta da tripla crise que o planeta enfrenta. Este governante acredita na união de esforços para fazer face as dificuldades.
“O lema deste Ano "Não deixar miguem para traz, melhor produção, melhor nutrição, melhor ambiente e uma melhor qualidade de vida" diz-nos muita coisa. Ajustar essa abordagem muito integrada com foco nas pessoas que tem haver efectivamente com melhor produção. É preciso trabalhar muito fortemente na solidariedade, na inclusão e neste lema permite de facto chamar a toda atenção sobre a necessidade de uma maior solidariedade no mundo. Muito mais união num contexto internacional que conhecemos”.
A conferência realizada pela FAO e o Ministério da Agricultura e Ambiente comemora o Dia Mundial da Alimentação, celebrada a 16 de Outubro e assinala os 77 anos da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, sob o lema deste ano: “Não deixar ninguém para trás. Melhor produção, melhor nutrição, melhor ambiente e uma vida melhor.”
A celebração do Dia Mundial da Alimentação foi estabelecida em Novembro de 1979 pelos países membros na 20ª Conferência da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura.