HUAN já regista 199 internamentos de crianças e nove óbitos em 2022 por pneumonia

PorSheilla Ribeiro,3 dez 2022 7:43

O Hospital Universitário Agostinho Neto registou de Janeiro até esta parte 199 casos de crianças internadas com pneumonia e nove óbitos causados por esta doença. Trata-se de um aumento de casos, uma vez que em 2021 foram 97 internamentos, dos quais resultaram quatro óbitos, segundo a pneumologista Diva Sanches.

“A pneumonia é uma das doenças muito sérias que, às vezes, muita gente acha que é uma coisa simples. Pode até ser simples se for tratado a tempo, mas, caso contrário é uma doença grave que pode levar à mortalidade. Em 2021 internamos 116 pacientes adultos e tivemos 10 óbitos. Em 2022, até agora, mês de Novembro, já tivemos 89 pacientes adultos internados por pneumonia e tivemos 11 óbitos”, diz ao Expresso das Ilhas, Diva Sanches.

Na Pediatria, em 2021, a profissional avança que foram 97 pacientes internados e quatro óbitos. Este ano, entretanto, até o momento da entrevista, haviam sido 199 pacientes internados e nove óbitos.

A pneumologista do HUAN refere que na instituição, a taxa de mortalidade por pneumonia tem sido estável.

Por outro lado, nos últimos dois meses, o Hospital registou um surto de casos de infecção respiratória aguda na pediatria. Infecções que, conforme avançou, podem complicar com pneumonia.

“Ainda não conseguimos realizar um estudo para identificar qual o género desta infecção”, informa.

Desafios

Diva Sanches frisa que apenas no último mês do Maio o HUAN passou a contar com uma Unidade de Cuidados Intensivos (UCI), para maior acompanhamento e vigilância de doentes em estado crítico.

Por esta razão, afirma que antes era mais difícil tratar de doentes com pneumonia, já que os doentes eram tratados na urgência, embora com os mesmos tratamentos da UCI.

“Estamos a fazer o máximo que podemos, mas cá em Cabo Verde há algumas limitações”, assegura.

Um exemplo de limitação apontado pela médica tem a ver com o facto de o país não dispor dos antibióticos mais recentes, existentes nos países ricos.

“Mas, temos outros que são da mesma família que dão para tratar a doença. Estamos a ter vários casos, não necessariamente por causa das poucas condições hospitalares que temos no país, mas também por causa do clima, da condição económica dos pacientes, entre outros factores”, sublinha.

O custo do tratamento também é realçado pela pneumologista como um desafio. Por exemplo, descreve que dependendo da gravidade da doença, um doente com pneumonia pode ficar internado, no mínimo, por sete dias.

Nesses sete dias, continua, o custo mínimo, por paciente, é de cerca de 35 mil escudos, devido aos gastos com medicamento, oxigênio, entre outras logísticas.

“O custo pode ser maior dependendo da gravidade do caso, dependendo do germe que infectou o paciente, pode exigir a utilização de antibióticos que custam mais. Porém, se fizermos as contas, se num ano foram internados 100 pacientes, são cerca de 3.500 contos anuais”, reporta.

Pandemia e pneumonia

No pico da pandemia, Diva Sanches refere que a pediatria do HUAN registou uma “pequena” diminuição no número de casos de pneumonia.

“Os mais infectados pela COVID-19 foram os adultos e por causa disso, o número de crianças com pneumonia diminuiu. Isto porque, a COVID-19 é uma infecção viral e facilita uma infecção bacteriana que pode conduzir à pneumonia”, explica.

A COVID, segundo explica, leva a um processo inflamatório do sistema respiratório e do pulmão, facilitando a invasão até de microrganismos presentes na flora da pessoa, levando a pneumonia.

“Ou seja, à medida que aumenta o número de casos de COVID-19, aumenta o número de casos de pneumonia. Outro ponto é que os pacientes quando curam da COVID, não todos, mas muito deles, ficam com sequelas e esses pacientes com sequelas têm mais chance de pegar uma infecção respiratória”, específica.

Sintomas

De acordo com Diva Sanches, os principais sintomas de pneumonia são febre alta, cansaço, tosse seca, ou com catarro, confusão mental, dor no peito e falta de ar. No entanto, em alguns casos, os sintomas da pneumonia podem ser tão leves, que acabam sendo confundidos com outras situações, como alergias, gripes ou resfriados.

Os sintomas da pneumonia variam de acordo com o tipo de microrganismo que causa a doença como vírus, fungos ou bactérias, idade e o estado de saúde da pessoa.

Nas épocas de temperaturas mais baixas, há maior tendência de infecções respiratórias, sendo a mais frequente, a gripe. A partir de uma infecção viral, prossegue, existe a possibilidade de uma evolução para pneumonia.

Tratamento e prevenção

A especialista elucida que dependendo do tipo do microrganismo causador da infecção, da gravidade dos sintomas, da presença de outras doenças associadas e do grau de comprometimento dos pulmões, assim é o tratamento.

Sendo as pneumonias bacterianas as mais frequentes, o seu tratamento tem por base o uso de antibióticos. Logo que se esclareçam as causas, a terapêutica deve reajustar-se utilizando o antibiótico mais eficaz.

Quando o agente causador da infecção não é identificado, o reajuste ou alteração do tratamento faz-se pelo evoluir da situação clínica.

Quanto à prevenção, diz que “a principal medida preventiva é a vacinação pneumocócica e gripal, dado que uma gripe pode levar ao desenvolvimento de uma pneumonia”.

Aliás, Diva Sanches indica que o preço da vacina, que não é fornecido gratuitamente pelo Ministério da Saúde, é acessível a todos. Hábitos de vida saudáveis também ajudam a aumentar as defesas do organismo, fortalecendo o sistema imunitário e prevenindo as infecções. 

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1096 de 30 de Novembro de 2022. 

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Autoria:Sheilla Ribeiro,3 dez 2022 7:43

Editado pormaria Fortes  em  19 jun 2023 23:28

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