“Lamentamos informar que, por razões ponderosas e alheias à nossa vontade, designadamente, processuais e operacionais, não será possível concluir a operação de fusão das empresas do Grupo CVTelecom no dia 01 de Janeiro, como previsto. A nova data será comunicada brevemente”, lê-se numa carta assinada pelo presidente do conselho de administração do grupo, João Domingos Correia, enviada hoje aos parceiros, à qual a Lusa teve acesso.
A data de 01 de Janeiro para fusão das três empresas tinha sido comunicada pela administração da CVTelecom em 13 de Dezembro último, igualmente numa carta enviada aos parceiros do grupo.
“A fusão das empresas do grupo CVTelecom permitirá a convergência tecnológica das infraestruturas, dos sistemas de informação e das ofertas no mercado. Este processo resultará em ganhos adicionais tais como a redução do ‘time-to-market’ e a melhoria de competitividade da empresa e do sector, factores chave e determinante na dinamização da economia digital e na internacionalização dos negócios”, justificava então o presidente do conselho de administração do grupo, na carta.
Recordava que a CVTelecom, com o capital social de mil milhões de escudos é “a maior empresa de comunicações electrónicas de Cabo Verde” e o grupo “responsável pela infraestruturação do sector das telecomunicações do país”, que “passa por um processo de transformação que se operacionalizará através da fusão das empresas”, por “incorporação da CVMóvel, SA e da CVMultimédia, SA na Cabo Verde Telecom, SA”.
“Continuamos a contar com todos os nossos fornecedores e parceiros para vencer os novos desafios que se avizinham, com ganhos que beneficiam a todos”, referia igualmente a carta de 13 de Dezembro.
A intenção da CVTelecom de fundir as empresas daquele grupo estatal prevê comercializar de forma integrada diferentes serviços de telecomunicações, como voz, dados e televisão, contrariamente ao que ainda acontece e que já é feito pela concorrência.
Esta intenção também já tinha sido avançada à Lusa, em Janeiro último, pelo presidente da CVTelecom, garantindo que o processo não envolverá despedimentos.
“O nome ainda não sabemos, mas haverá uma só empresa do lado da CVTelecom”, afirmou então o presidente do conselho de administração do grupo estatal, João Domingos Correia.
“Nós estamos a prever que dentro de seis meses teremos uma só empresa com os seus negócios”, acrescentou na ocasião, garantindo que esta opção vai permitir “ganhar eficiência operacional” e terá “repercussão positiva nos preços aos consumidores”.
A fusão “vai representar uma grande facilidade na vida do cliente consumidor, que passará a ter uma única factura, que passará a ter um único interlocutor e quando tiver de resolver os seus problemas não tem de se dirigir às seis empresas separadamente, mas sim a uma única empresa”, garantiu.
Por outro lado, o presidente do conselho de administração do grupo CVTelecom, que conta com cerca de 400 trabalhadores, assumiu que não estão previstos despedimentos com esta fusão.
“Seguramente que não. A CVTelecom vai ter de recrutar mais pessoas, com o perfil tecnológico adequado, e nós estamos em processo de reorganização, fazendo reciclagem das pessoas que ainda são recicláveis e trabalhar no processo de reforma antecipada para aqueles que pretendam ir para casa mais cedo”, acrescentou João Domingos Correia.
O grupo CVTelecom contava com participações avaliadas anteriormente em 1.028 milhões de escudos em várias empresas, nomeadamente na CV Móvel (rede de telecomunicações móveis, 100%), CV Multimédia (televisão por subscrição e Internet, 100%) e a Directel Cabo Verde (Páginas Amarelas, 40%).
A maioria do capital social do grupo CVTelecom é detida pelo Instituto Nacional de Previdência Social (instituto público que gere as pensões cabo-verdianas), em 57,9%, contando ainda com a estatal Aeroportos e Segurança Aérea (20%), a Sonangol Cabo Verde (5%) e o Estado de Cabo Verde (3,4%) entre os accionistas, como privados nacionais (13,7%).
Os lucros do grupo estatal aumentaram 36,5% em 2021, para 284 milhões de escudos, e pelo terceiro ano consecutivo as vendas voltaram a crescer, apesar da crise provocada pela covid-19.
De acordo com o relatório e contas de 2021 da empresa, o ano passado voltou a ser de crescimento de vendas, 7,9%, com 4.907 milhões de escudos de receitas consolidadas, influenciado pelo crescimento do teletrabalho e recursos associados, apesar das quebras em sectores tradicionais.