“A problemática do abandono escolar tem de estar mais virada para os rapazes, a integração em programas de reinserção e de reintegração social daqueles que foram, por algum motivo, parar às cadeias, possam ser recuperados enquanto homem, de retorno à sociedade, com actividade económica e produtiva, programas de formação profissional e de empreendedorismo”, apontou o chefe do Governo.
Ulisses Correia e Silva falava à imprensa, na cidade da Praia, no âmbito da apresentação do projecto “Prevenção e Combate à Violência Urbana e Delinquência Juvenil”, que tem vindo a aumentar, sobretudo na cidade da Praia, onde a polícia tem realizado várias operações, com detenções de pessoas e apreensões de armas, munições e drogas.
O primeiro-ministro disse que o Governo tem estado a trabalhar com jovens rapazes em ambiente de vulnerabilidade económica familiar e social, mas salientou que o combate à criminalidade deve ser feito com acções concertadas entre todos os actores sociais.
O projecto hoje apresentado é visto como uma “oportunidade” de concerto de alguns caminhos à volta de segurança, particularmente na cidade da Praia, destacando a importância dos líderes comunitários no diálogo.
“Obviamente que, para tal concerto, há que, necessariamente envolver todas as partes, começando pela sociedade civil, sobretudo as ditas associações comunitárias, que estão mais próximas dos jovens”, lê-se numa nota de imprensa do Governo.
“Apesar das situações de fragilidade que vêm dando lugar às criminalidades, nem tudo está perdido. Ainda é possível recuperar, melhorar e sanear situações e cenários que favorecem a criminalidade e a delinquência em Cabo Verde, particularmente na Cidade da Praia”, prevê a mesma fonte.
Ainda durante a manhã de hoje, foram apresentados os projectos “Ami ê di Paz y bó? (Eu sou da paz, e tu?)” e “Reerguer”, este da Paróquia de São Paulo Apóstolo, direccionado a ex-reclusos e seus respectivos familiares e comunidade das zonas de Casa-Lata e Cobon/Fonton.
Há uma semana, o primeiro-ministro garantiu a continuação e reforço das operações especiais na cidade da Praia e disse que a luta contra a criminalidade na capital do país “é para ganhar”.
Na quarta-feira, a oposição apontou no parlamento o “falhanço” nas políticas de segurança do Governo, mas o ministro da Administração Interna, Paulo Rocha, assegurou que as forças policiais estão a ser “mais assertivas” face ao aumento das detenções em flagrante.
Na mesma sessão parlamentar, o ministro justificou o aumento da criminalidade na Praia com a “proliferação de eventos” na rua associados ao “excessivo” consumo de álcool, prometendo medidas para travar o fenómeno.
O número de processos-crime instruídos pelo Ministério Público (MP) aumentou 31,9% no último ano, para 28.882, mais de metade na Praia, com os crimes de homicídio a subirem, segundo o último relatório anual sobre a situação da Justiça.
De acordo com o documento do ano judicial 2021/2022 (01 de Agosto a 31 de Julho), os crimes contra a propriedade aumentaram 55,6% face ao ano anterior, para 14.436 (50% dos processos entrados), nomeadamente 6.053 queixas por roubo, 3.468 por furto, 1.070 por dano e 3.392 por furto qualificado.
Os serviços do MP receberam no último ano 406 processos por homicídio, contra os 259 no período anterior, mas o relatório sublinha que desses, 156 foram “localizados na sequência da contagem física realizada que, pese embora estarem pendentes, não se encontravam contabilizados no sistema”.