Para o Secretário de Estado da Economia Digital, Pedro Lopes, em Cabo Verde, receber eventos como o Leadership Summit Cabo Verde é “importante, porque queremos ser uma referência na área das TIC e da tecnologia para o continente africano” e, por isso, é essencial que “pessoas do mundo inteiro se encontrem em Cabo Verde para discutir aquilo que são as tendências do futuro”, que “passam pela inteligência artificial ou pela digitalização da governação”.
“Precisamos deste tipo de eventos, que também fazem com que as pessoas pensem em Cabo Verde não só como a praia e mar, mas também como um sítio onde se fazem produtos de tecnologia e ciência para o mundo”, acrescentou em declarações ao Expresso das Ilhas à margem do Leadership Summit Cabo Verde que decorre entre hoje e amanhã na cidade da Praia.
O Secretário de Estado garantiu que Cabo Verde está preparado para a transição digital. “A infraestrutura já está pronta e já temos uma boa taxa de cobertura do 4G em Cabo Verde e estamos a dar os passos para a nova tecnologia do 5G”, acrescentou Pedro Lopes.
Quanto ao preço elevado da internet em Cabo Verde, uma das principais queixas de consumidores individuais e empresas, Pedro Lopes lembrou que “o governo não vende internet. Quem vende internet são as operadoras telecomunicações. O que nós acreditamos é que o preço actual ainda não é compatível para famílias de baixo rendimento. Temos essa noção”.
Para democratizar o acesso à internet, Pedro Lopes anunciou que o governo se prepara para a declarar como “um bem essencial” facultando o acesso livre nas mais de cem praças digitais que existem no país. Um número que “em breve” irá aumentar, assegurou o governante.
Desencentralizar
No evento, durante o debate ‘Oportunidades do mundo digital para os estados e municípios’, Janira Hopffer Almada defendeu que Cabo Verde deve apostar na descentralização dos serviços digitais e democratizando o seu acesso "para que não só os cidadãos da Praia, porque é a capital, tenham acesso. É preciso que um cidadão, por exemplo de São Nicolau, também tenha esse acesso".
Esta jurista entende igualmente que só dessa forma se poderá falar num Estado realmente integrado.
Outro ponto defendido por Janira Hopffer Almada foi a do estabelecimento "de uma verdadeira concorrência tendo em vista a protecção do consumidor final".
Já o presidente da Associação Nacional de Municípios, Herménio Fernandes, entende que é preciso, da parte das autarquias, um investimento ainda maior no digital. No entanto, defende, “é preciso resolver a questão do financiamento”.
"Precisamos de ter coragem, formar gente", apontou o autarca de São Miguel, acrescentando que os “municípios têm uma grande responsabilidade na melhoria do ambiente de negócios” ao apostarem na digitalização dos seus serviços.