Os dados do projecto de gestão de plásticos e protecção da biodiversidade nas ilhas de Santa Luzia e São Vicente, que envolve autoridades nacionais e organizações ligadas à protecção do meio ambiente, foram apresentados à imprensa por Gilles Warot, consultor de luta contra a poluição por plásticos da SCE. O responsável explica que o objectivo é resolver o problema que afecta a reprodução das espécies marinhas, através da retirada do lixo da ilha para ser transformado numa unidade industrial a ser instalada em São Vicente.
“A terceira componente do projecto foi pensada de forma a ser economicamente e tecnicamente sustentável, porque a quantidade de lixo que se encontra em Santa Luzia, mais ou menos 250 toneladas, não é pouco lixo. Visto que Santa Luzia é uma ilha muito sensível e uma zona protegida, não podemos chegar com máquinas e equipamentos industriais na ilha e fazer o tratamento no local. Por isso que foi pensado um modelo económico e tecnológico que seja mais sustentável e mais adaptado para as ilhas de São Vicente e Santa Luzia, de tirar essa quantidade de lixo de Santa Luzia e trazer para São Vicente para ser tratado”, explica.
Neste momento, os promotores estão na fase de procura de financiamento. Mas antes da transformação do lixo, existem outros passos a serem dados, nomeadamente o estudo de impacto ambiental, a sensibilização da população sobre a redução da utilização do plástico e trabalhar a questão da reutilização e reciclagem.
Gilles Warot explica que a ideia do projecto é identificar as necessidades a nível de produtos que podem ser confeccionados, nomeadamente para construção, e criar soluções, juntamente com os empresários locais, para responder às carências do país.
Plástico transformado em produtos para consumo local
“Inicialmente a ideia é começar a fazer uma transformação de 100 toneladas de plástico e identificar qual é a necessidade aqui na ilha de São Vicente. Por isso, encontramos alguns carpinteiros, marceneiros que trabalham na área de construção para sabermos quais são as necessidades desses empresários. De acordo com a necessidade da ilha, a ideia é criar produtos que sejam adaptados para a ilha de São Vicente e para Cabo Verde. podemos fazer telhas, pranchas de plástico, calçados com plástico, etc”, aponta.
A redução da pobreza é outro componente do projecto. De acordo com o responsável da SCE, o objectivo é dar formação às pessoas que estão actualmente na Lixeira Municipal, porque são essas pessoas que vão trabalhar na futura unidade de transformação do plástico, que pretende, numa fase avançada do projecto, tratar até 3 mil toneladas de plástico, valor produzido apenas em São Vicente.
Gilles Warot explica que a ideia da montagem de uma unidade de transformação do plástico responde a um pedido feito pela Biosfera, em 2021, no sentido de resolver o problema do lixo que chega à ilha de Santa Luzia através das correntes marítimas. O projecto conta com parceiros como a Biosfera, Do Lixo Ao Lixo e parceiros franceses: Plastic Odyssey, Smilo, ConsultantSeas, Smilo e Trivalis.
As declarações foram proferidas a bordo do navio da expedição Plastic Odyssey, que chegou hoje ao Porto Grande do Mindelo, após várias escalas no Mediterrâneo (Líbano, Egipto, Tunísia, Marrocos) e na África Ocidental (Senegal, Guiné). Em São Vicente, até 17 de Abril, a ideia é encontrar e trocar experiências com empreendedores locais de reciclagem para desenvolver soluções sustentáveis contra a poluição e explorar alternativas para construir um mundo sem plástico.
Em Outubro de 2022, o navio Plastic Odyssey partiu para uma expedição de 3 anos ao redor do mundo a partir do Porto de Marselha.