O prazo está estabelecido na minuta do contrato de concessão para exploração de pozolana entre o Estado de Cabo Verde e a Cimpor que foi assinado na cidade do Porto Novo, definindo que nos próximos 30 anos a empresa portuguesa vai poder explorar as jazidas de pozolana existente na zona do cemitério de Fundão para produção do cimento pozolânico.
O projecto vai envolver um investimento de 341 milhões de escudos (3 milhões de euros) e prevê gerar cerca de 100 postos de trabalho directos.
A exploração vai abarcar uma área de 108 hectares para a produção de cerca de meio milhão de cimento, mas com potencial de cerca de 790 hectares, e cerca de 4,7 milhões de toneladas de produção.
Para o vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, que acompanhou a assinatura por videoconferência a partir da cidade da Praia, trata-se de um “passo importante” para a promoção da dinâmica económica da ilha mais a norte de Cabo Verde.
“Concretamente, esta concessão vai possibilitar a criação de condições para a produção de cimentos em Santo Antão com pozolanas para servir o mercado cabo-verdiano e, quiçá, para o mercado internacional”, projectou o governante, entendendo que a fábrica vai ter um “impacto muito grande” ao nível das externalidades para todo o sector da construção civil.
Considerando que o projecto tem “um potencial enorme de crescimento”, gerando mais empregos e rendimentos para os jovens, Olavo Correia disse que o Governo vai fazer tudo para que a exploração arranque antes dos 18 meses previstos.
“Escolhemos um bom parceiro (via concurso público), a Cimpor, uma marca forte em Cabo Verde e no mundo, que está a operar há várias décadas no mercado nacional, e que nos dá confiança de que poderemos, conjuntamente com a Câmara Municipal de Porto Novo, levar esse projecto para frente”, perspectivou.
Citado pela Inforpress, o administrador da Cimpor, João Brito e Cunha, garantiu que dentro de 18 meses a unidade de produção estará a funcionar, gerando, num primeiro momento, “mais de 40 postos de trabalho directos”.
Além da instalação de novos equipamentos, a Cimpor prevê ainda, nesta primeira fase, investir na instalação de uma central fotovoltaica, para alimentar a unidade de produção e apoiar as comunidades.
A extracção de pozolana no Porto Novo remonta ao período colonial, mas está paralisada há mais de sete anos.
Em 2005 foi ali instalada a empresa Cabocem, de investidores italianos, para produzir cimento pozolânico, mas que acabaria por encerrar em Junho de 2013, apesar de as autoridades locais estimarem que existem naquela aérea jazidas à volta de 10 milhões de toneladas de pozolana.
A Lusa noticiou em Maio de 2022 que a Cimpor apresentou ao Governo um plano de investimentos de 5.500 milhões de escudos para “reforçar a parceria estratégica” que desenvolve no arquipélago há 18 anos.
Em comunicado enviado na altura à agência Lusa, a Cimpor antecipava já que este plano de investimentos inclui uma proposta para a obtenção da concessão da exploração de pozolanas na ilha de Santo Antão, mas também a gestão e concessão portuária bem como a produção de energia renovável.
Para a cimenteira portuguesa, “trata-se de um investimento crucial para o desenvolvimento da sua actividade”, bem como “para o crescimento da economia local”.
Presente em Cabo Verde desde 2005, a Cimpor afirma ser líder no mercado de cimento, de cimentos cola e de aço, e assume a produção de betão e agregados como uma prioridade, tendo investido mais de seis milhões de euros na instalação de duas novas centrais de britagem e duas novas centrais de betão nas ilhas de Santiago e do Sal.
A empresa é detida actualmente por um dos principais grupos económicos da Turquia (Oyak) e já depois dessa aquisição, o presidente da Oyak Cimento, Suat Çalbiyik, reuniu-se, em Fevereiro de 2020, na Praia, com o primeiro-ministro, Ulisses Correia da Silva, tendo transmitido o interesse da empresa em diversificar os seus investimentos e negócios em Cabo Verde.
Nessa altura, o Governo anunciou o interesse do fundo turco Oyak em investir em Cabo Verde, na extracção de pozolana, rochas de origem vulcânica utilizadas na indústria cimenteira.