Cabo Verde tem registado ao longo das últimas semanas um crescimento dos casos de COVID-19.
Segundo o boletim epidemiológico desta terça-feira, existe um total de 92 casos activos da doença no país. A maior parte (42) está localizada na Praia.
Apesar deste crescimento, as infecções não têm inspirado cuidados de maior. Segundo a presidente do Instituto Nacional de Saúde Pública (INSP), Maria da Luz Lima, “não se registaram casos graves, nem óbitos” relacionados com a doença.
Esta responsável diz igualmente que não é de afastar a possibilidade de estar a circular no país uma nova variante da doença. No entanto, é necessário esperar pelos resultados da sequenciação genómica do vírus para se poderem ter certezas.
“Eu acredito que haja essa possibilidade. É normal. Não há restrição nas viagens, por isso, é normal que haja mobilidade de alguma variante. Não o posso confirmar neste momento porque ainda estamos a aguardar os resultados da sequenciação genómica”, explicou ao Expresso das Ilhas.
Segundo Maria da Luz Lima, outra explicação para o aumento do número de casos positivos pode passar por “algum relaxamento” por parte da população no que respeita a medidas preventivas da doença, como é o caso da “utilização de máscaras em espaços fechados”.
A presidente do INSP apelou igualmente a que as pessoas continuem a apostar na vacinação como forma de prevenção da doença.
Aumento consistente
Já a Directora Nacional de Saúde, Ângela Gomes, em declarações à Lusa, reconheceu que nas últimas semanas se tem vindo a registar um aumento do número de casos.
“Há cerca de cinco a seis semanas epidemiológicas nós estamos a acompanhar um certo aumento de forma consistente, embora em número não ainda tão expressivo dos casos de covid-19”, disse.
Apesar de considerar que os números não são de alarme, Ângela Gomes disse que estão a ser acompanhadas as questões relacionadas com os tipos de sintomas, para ver a possibilidade de estar a circular no país um outro subtipo de covid-19, mas avançou que os sintomas são leves.
A directora nacional de Saúde sublinhou ainda à Lusa que, nesta fase, não foram registados internamentos de forma preocupante nem óbitos provocados pela doença.
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Vírus tem nova variante
A nova variante (XBB.1.16) foi baptizada de Arcturus. Pode ser a versão mais transmissível do SARS-CoV-2 até à data, mas os especialistas acreditam que não é provável que cause uma grande vaga de casos.
A Organização Mundial de Saúde classificou a XBB.1.16 como uma “variante de interesse”, devido à sua vantagem de crescimento estimada em relação a outras sub-variantes da COVID-19 e à sua capacidade de escapar ao sistema imunitário. Devido a estas características, “a XBB.1.16 pode propagar-se globalmente e contribuir para um aumento da incidência de casos”, alertou a OMS. “No entanto não há sinais de aumento da gravidade. A avaliação do risco XBB.1.16 está em curso “.
Embora a capacidade desta variante evoluir, tornando-se mais transmissível e de desencadear novos sintomas seja alarmante, não há nada que sugira que o XBB.1.16 seja mais perigoso do que as muitas outras variantes do Omicron actualmente em circulação.
Tem chamado atenção das autoridades de saúde o crescente número de casos observados na Índia tendi sido notado um aspecto clínico não muito encontrado em pacientes com COVID-19 até hoje. Trata-se da frequência elevada de casos de conjuntivite, observados principalmente em crianças. Ainda não existem dados numéricos oficiais que suportem essa observação empírica, nem tal achado parece ter sido ainda relatado em outros países.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1118 de 3 de Maio de 2023.