Com o objectivo de restaurar a biodiversidade e honrar os soldados e técnico do Parque Natural que perderam as suas vidas combatendo as chamas, a iniciativa procura transformar a paisagem devastada em uma agrofloresta exuberante e diversificada, segundo explica o mentor do projecto Emileno Ortet.
“O nosso objectivo é ajudar na reflorestação da Serra Malagueta tendo em conta que perdeu cerca de 70 hectares de vegetação com o incêndio. Trata-se de um parque onde há apenas plantas ornamentais, endémicas, pensamos em meter árvores frutíferas para, quem sabe, se possa tornar numa agrofloresta”, diz.
Este novo arranjo, explica, visa não apenas aumentar a vegetação na região, mas também proporcionar uma combinação única de árvores endémicas, plantas florestais e ornamentais, juntamente com árvores frutíferas, criando assim um ecossistema mais robusto e sustentável.
A campanha de reflorestação de Serra Malagueta atraiu a participação de aproximadamente 30 funcionários do Banco Angolano de Investimentos (BAI), juntamente com os colaboradores do Parque Natural e do Ministério da Agricultura.
A iniciativa, segundo Ortet, lançou uma doação de 200 árvores frutíferas, incluindo mangueiras, pitangas, goiabeiras e laranjeiras.
“A plantação dessas árvores ajuda muito na preservação da biodiversidade de Serra Malagueta tendo em conta que vai aumentar a vegetação da região e são uma componente a mais, são mais 200 árvores e, desta vez, frutíferas”, declara.
Essas árvores não apenas contribuirão para a restauração do ecossistema, mas também foram distribuídas à comunidade local, permitindo que as famílias vizinhas cultivem árvores frutíferas nas suas próprias propriedades.
Apesar das adversidades climáticas que impediram o plantio de todas as 200 árvores no sábado, a equipa do projecto “Cidade Verde” conseguiu plantar cerca de 60 árvores. A sensibilização da população local por parte dos funcionários da Serra Malagueta também desempenhou um papel fundamental na consciencialização sobre a importância da iniciativa.
“A monitoração contínuo dessa reflorestação vai ficar a cargo do pessoal do Parque tendo em conta a distância, Praia-Serra Malagueta, mas, vão enviar o relatório do ponto da situação e a adaptação das plantas ao local”, refere Emileno Ortet.
Enquanto 200 árvores são um passo significativo, Emileno Ortet tem ambições ainda maiores. Atrair patrocinadores adicionais para a causa é uma prioridade, com a meta de plantar 20 mil árvores frutíferas na Serra Malagueta.
Empresas e cidadãos são encorajados a participar e contribuir para a restauração desse tesouro natural. Aos artistas e membros da sociedade civil, também se faz um apelo para se unirem à causa.
“O objectivo é atrair cada vez mais patrocinadores para esta causa, já que 200 árvores não são suficientes para os 70 hectares que foram afectados. O convite já foi feito a outras empresas já que pretendemos plantar 20 mil plantas frutíferas em Serra Malagueta. Apelo às empresas que ajudem nessa campanha e aos civis, bem como aos artistas”, apela.
Projecto Cidade Verde
O projecto Cidade Verde visa plantar em todos os bairros, ladeiras e cutelos da ilha de Santiago árvores frutíferas para, quem sabe, mais tarde ser uma forma de auto-sustento daqueles que vivem nas ruas, ou servir como moeda de troca para aqueles que não têm um rendimento.
Entretanto, o projecto já levou árvores frutíferas às ilhas de Santo Antão e São Vicente com a plantação de 20 frutíferas na Escola nº 3 de Fontaínhas e em Ponta do Sol, em Santo Antão, e 10 mudas em cinco escolas secundárias de São Vicente.
Através de uma parceria com a Vista Verde Tours, o projecto iniciou uma campanha cuja meta é plantar, em um ano, um total de 600 mudas frutíferas, 50 cada mês, abrangendo todas as zonas e escolas da cidade da Praia. A cada mês, o plantio será feito por grupos e turistas que visitam a capital.
Conforme Emileno Ortet, até esta data, através do projecto Cidade Verde já foram plantadas cinco mil árvores frutíferas.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1134 de 23 de Agosto de 2023.