"É muito difícil de dizer quantas pessoas necessitam de cuidados paliativos, porque, efectivamente, são serviços relativamente novos e, portanto, ainda há muitas pessoas que precisam e que não têm acesso", disse Semedo à margem do Webinar “Cuidados Paliativos: o envolvimento do doente e da família nos cuidados”.
Conforme apontou, a nível mundial, cerca de 80% das pessoas que precisam de cuidados paliativos não têm acesso a eles, e Cabo Verde não é excepção.
“A nível mundial, sabe-se que cerca de 80% das pessoas que precisam não têm acesso aos cuidados paliativos, portanto, aqui em Cabo Verde não será muito diferente, o que eu posso dizer é que neste primeiro semestre o Hospital Universitário Agostinho Neto fez cerca de 400 consultas de cuidados paliativos”, referiu
Valeria Semedo enfatizou que os cuidados paliativos não se limitam apenas aos pacientes com câncer em estágio terminal, um mito comum.
"Efectivamente, ainda existem muitos mitos em relação aos cuidados paliativos: que se destinam apenas a doentes oncológicos em fim de vida. Mas esta não corresponde à verdade, de facto os cuidados paliativos são bem mais amplos, mas, talvez por isso, ainda a maior parte das pessoas que temos em cuidados paliativos são só doentes oncológicos, quase 90% dos doentes são referenciados pelo serviço de oncologia, por doença oncológica", afirmou.
Os desafios enfrentados pelo sistema de saúde de Cabo Verde passam por garantir o acesso aos cuidados paliativos em todo o território nacional, por ser uma modalidade diferente de prestação de serviços que exige uma educação diferente, conforme explicou Semedo.
Nesse sentido, frisou a necessidade de uma forte colaboração entre o sector de saúde, a sociedade civil, as câmaras municipais e a educação para mudar a percepção e a compreensão dos cuidados paliativos na sociedade cabo-verdiana.
"O que se pretende é que esses cuidados acompanhem os doentes ao longo de suas vidas, e passam a maior parte da vida na comunidade, e, portanto, temos que ter uma forte atuação na comunidade, e este sim é um grande desafio", concluiu Semedo.
A Direcção Nacional da Saúde, através do Programa Nacional da Segurança do Doente, promove hoje o Webinar “Cuidados Paliativos: o envolvimento do doente e da família nos cuidados”.
Este Webinar faz parte de uma serie de encontros que vão decorrer semanalmente, durante o mês de Setembro, enquadrado na agenda para assinalar o Dia Mundial da Segurança do Paciente 2023, celebrado em 17 de Setembro, este ano sob o tema "Engajar os pacientes para a segurança do paciente".