Reintrodução da Calhandra-do-ilhéu-Raso em Santa Luzia diminui risco de extinção

PorFretson Rocha, Rádio Morabeza,5 set 2023 20:08

 Calhandra-do-ilhéu-Raso
Calhandra-do-ilhéu-Raso(Biosfera)

A população de Calhandra-do-ilhéu-Raso, ave terrestre endémica de Cabo Verde, aumentou para mais de 600 indivíduos nos últimos três anos, depois da reintrodução de menos de 100 indivíduos em 2019. O regime frequente de chuvas nos últimos anos e a retirada dos gatos como predadores da espécie contribuíram para o sucesso do projecto, disse hoje o presidente da Biosfera.

Em entrevista à Rádio Morabeza, o líder da associação ambientalista Biosfera I, Tommy Melo, refere que o objectivo era criar populações distintas em lugares distintos para diminuir o risco de extinção de uma espécie que já existia apenas no Ilhéu Raso.

“Introduzimos menos de cem indivíduos e passados quatro anos temos mais de 600 animais. Portanto, reproduziram-se muito bem, obviamente por sorte de termos tido ao longo destes três anos algum regime constante de chuva, que é importante para elas se reproduzirem. Agora podemos contar com duas populações bem estáveis: o Ilhéu Raso conta com entre 600 a 700 indivíduos e Santa Luzia já está com uma população muito parecida”, explica.

O responsável nota que “o sucesso” do projecto deve-se a vários parceiros, entre os quais a Universidade de Cambridge, a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves e a organização ambientalista BirdLife. Pelo facto de Santa Luzia ser uma ilha muito mais extensa que o Ilhéu Raso e com muito mais disponibilidade de alimento, Tommy Melo prevê que, com mais dois ou três anos de boa chuva, a população de Calhandra-do-ilhéu-Raso possa quadruplicar.

“Mas para já os resultados são fantásticos. A actividade de reintrodução foi realmente um sucesso completo. Ficamos mais descansados porque já temos duas populações de calhandras e o nível de perigo dessas populações diminuiu bastante, o que eleva a probabilidade de esses animais conseguirem sobreviver à crise climática, por exemplo”, diz.

O presidente da organização dedicada à conservação ambiental afirma que antes da reintrodução da ave, foram feitos estudos, que duraram cerca de três anos, para garantir a possibilidade de sobrevivência de uma espécie “criticamente ameaçada”. Tommy Melo garante que a adaptação foi fácil também porque os registos fósseis demonstram que a mesma já viveu em Santa Luzia.

Melo explica que a retirada dos gatos, como um dos grandes predadores em Santa Luzia, há cerca de cinco anos, também contribuiu para os bons resultados. Garante, igualmente, que os répteis terrestres de Santa Luzia “multiplicaram-se de uma forma enorme“ depois de a ilha ficar livre do felino.

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Autoria:Fretson Rocha, Rádio Morabeza,5 set 2023 20:08

Editado porAndre Amaral  em  6 set 2023 14:24

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