Marciano Monteiro falava à Inforpress no contexto do Dia Internacional da Bengala Branca, que celebra domingo, 15, e destacou a problemática das pessoas com deficiência visual, especialmente em relação à mobilidade e acessibilidade, tendo enfatizado ainda a importância da bengala branca para a inclusão das pessoas cegas.
Segundo o presidente da Adevic, ainda há resistência ao uso da bengala branca em Cabo Verde, apesar de haver um aumento na conscientização das pessoas cegas sobre essa questão, ainda persistem preconceitos dentro da sociedade.
“Há uma certa resistência porque existe ainda alguns mitos ou preconceitos na mente das pessoas de que as pessoas cegas só devem ficar em casa, não devem sair às ruas e nunca terem digamos a sua vida independente”, declarou, acrescentando que isto começa no seio familiar, justificada pela crença de que as pessoas com deficiência têm de depender sempre de outrem.
“Então, não há ainda aquela grande liberdade de viverem as suas vidas de forma independente, o que causa muito constrangimento no desenvolvimento mesmo das pessoas. Quando digo isto estou a referir-me à educação, ao emprego e que para as pessoas conseguirem atingir estes sectores têm que ter a sua mobilidade e acessibilidade garantida”, completou Marciano Monteiro.
Para superar essas questões, a mesma fonte destacou a necessidade de as autoridades cabo-verdianas criarem condições de mobilidade e acessibilidade, a fim de superar a resistência em relação ao uso da bengala branca.
Porque, conforme ressaltou Marciano Monteiro, a acessibilidade em Cabo Verde, sobretudo na Cidade da Praia, onde reside, “deixa muito a desejar ainda”.
E quando não há uma acessibilidade que permita às pessoas a se locomoverem, o uso da bengala torna-se “muito mais difícil”.
“São várias barreiras que precisam ser removidas para que nós que temos as nossas deficiências sejamos mais autónomas e mais incluídas na sociedade”, disse, citando viaturas estacionadas em cima dos passeios, passeios esburacados e sinalização de trânsito no meio dos passeios.
“As pessoas cegas em Cabo Verde podem perfeitamente ter a sua vida independente usando a bengala branca com o apoio da nossa sociedade, das nossas autoridades, permitindo fazer as suas vidas com mais autonomia possível”, salientou o presidente da Adevic.
Por isso, apelou a união de toda a sociedade civil e autoridades governamentais para a eliminação destas barreiras para que de facto as pessoas com deficiência visual usufruam de uma vida “digna e saudável”, e que se sintam incluídos na sociedade, pois “são fundamentais para o desenvolvimento do País”.