Filomena Gonçalves falava na cerimónia de lançamento do Ano da Saúde Mental sob o lema “Saúde mental, prioridade e compromisso de todos”, que decorreu na cidade da Praia, sublinhando que a dependência química, violência abusiva e assédio são as principais causas de depressão, afectando diversas faixas etárias e estratos sociais.
Conforme recordou, os dados do último inquérito nacional dos factores de risco das doenças não transmissíveis revelaram que 1,7 por cento (%) da população adulta tem atentado ao subsídio com maior incidência nas mulheres, cerca de 2,6%.
Uma realidade ainda mais preocupante, disse, quando considerada que 3,3% da população adulta já ponderou seriamente em algum momento o suicídio no último ano e dos que tentaram apenas 36% procuraram ao atendimento médico, evidenciando assim o grito de alerta sobre o estado da saúde mental no país e a lacuna significativa nos serviços de apoio.
Segundo a ministra, Cabo Verde enfrenta desafios singulares com ao menos uma morte por semana por suicídio, isto porque 9,6% da população fuma tabaco, 45% consome álcool, um consumo que atinge 16,3% e 57,5% respectivamente em São Vicente.
“A nossa população passa cerca de 120 minutos em actividades sedentárias diariamente, contrastando com 54,6 minutos dedicados à actividade física. Este estilo de vida sedentário é um factor de risco adicional para problemas de saúde mental e física” alertou, ressaltando que o ano de 2024 simboliza o compromisso renovado na matéria.
Para Filomena Gonçalves, torna-se imperativo trabalhar a problemática colectivamente, em estreita articulação com as famílias, comunidades, escolas e instituições religiosas na criação de uma rede de apoio contra a permanência de estigma na sociedade.
O primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, que presidiu o lançamento da iniciativa, explicou que o Governo declarou o ano da saúde mental por forma a dar mais visibilidade à doença, desenvolver uma “forte consciência social”, promover a prevenção da saúde saudável e reforçar as políticas e iniciativas voltadas à sua melhoria.
Ulisses Correia e Silva aproveitou para enaltecer as campanhas “Vida saudável” promovidas por organizações não-governamentais (ONG) que “têm um papel importante e impactante” na mudança comportamental das pessoas.
“Estigmas sociais associadas à saúde mental existem em várias partes do mundo e devem ser combatidas de frente porque são constrangimentos à procura de auxílio, procura de serviços especializados e que provocam descriminação e problema de integração social” realçou.