Conceição Pinto falava hoje à imprensa, à margem da sessão comemorativa que antecipou o Dia Mundial de Hemofilia, celebrado anualmente a 17 de Abril.
“Tendo em conta a incidência da doença na população, nós deveríamos ter entre 60 a 70 doentes hemofílicos em Cabo Verde. Neste momento, temos diagnosticados 31 que são aqueles que têm doença grave, portanto, tem queixas, tem clínica, têm muitas hemorragias e recorrem aos serviços de saúde, são conhecidos. Falta-nos a outra parte, os doentes que têm doença ligeira e só têm hemorragias em situações de traumas ou quando são submetidos as cirurgias”, afirmou Conceição Pinto.
De acordo com Conceição Pinto, o país tem falta de equipamentos para fazer o diagnóstico da doença, sendo actualmente as ilhas de Sal, Maio e Brava as únicas onde não há doentes hemofílicos registados.
“Nós não temos os equipamentos necessários para fazer o diagnóstico no país e temos sempre a necessidade de recorrer a serviços no exterior e isso já é uma limitação. Depois, a distribuição geográfica dos doentes. Temos doentes com hemofilia em seis ilhas, apenas as ilhas do Maio, Sal e Brava é que não têm doentes com hemofilia, então isso dificulta e muito o reconhecimento da doença e mesmo o envio de amostras para fazer o diagnóstico”, frisou.
A Directora do Programa Nacional de Segurança Transfusional aponta que a situação geográfica do país dificulta o acesso a medicamentos e acompanhamento de doentes.
“A nossa situação geográfica dificulta muito a distribuição e, portanto, a gestão dos medicamentos. São medicamentos muito caros e estamos a fazer esforços. Todos os anos vamos adquirindo mais medicamentos e novos medicamentos, mas depois fica difícil conseguirmos distribuir estes medicamentos a todos os doentes, em todas as ilhas e mesmo fazer o acompanhamento do tratamento”, justificou.
A Hemofilia é uma doença genética-Hereditária, que se caracteriza pela desordem no mecanismo de coagulação do sangue e manifesta-se quase exclusivamente no indivíduo do sexo masculino. A mutação que causa a hemofilia localiza-se no cromossoma X.
Em geral, as mulheres não desenvolvem a doença, mas podem ser portadoras da mutação genética que dá origem à mesma.