"Há um mês, fizemos a instalação do sistema de captação de água no nevoeiro e agora estamos a monitorizar os resultados", referiu à Lusa Carlos Bango, membro da associação Biflores, avançando que os painéis esticados nos pontos altos da ilha recolhem “entre 500 a 700 litros por dia”.
A chuva é rara no arquipélago e três membros da associação viajaram há sete meses até às ilhas Canárias para aperfeiçoar a técnica de “caçar” o nevoeiro, para captar água.
Na altura, a expectativa era captar até 400 litros de água por dia, mas depois de ter instalado três captadores e conseguir quase o dobro, a associação de conservação da biodiversidade ficou ainda mais motivada com a ideia.
"Estamos a ter grandes resultados. Ficávamos contentes com um bidão de água por dia, mas agora enchemos três bidões, todos os dias", realçou.
A Biflores está a mobilizar parcerias para instalar mais captadores.
Enquanto isso, armazena água em bidões e num reservatório de duas toneladas.
"Na semana passada, havia condições e conseguimos encher o tanque de duas toneladas", descreveu.
A comunidade “está muito contente" porque recebe água para criação de gado e a associação vai também passar a alimentar um sistema de rega gota-a-gota para a restauração ecológica de área fruteiras e forrageiras endémicas.
"Vamos também remover espécies invasoras, que consomem muita água e que matam outras plantas endémicas", acrescentou.
Nesta fase inicial da experiência, sem precisar o número de beneficiários, o líder do projecto explicou que não haverá um limite de distribuição da água: o valor dependerá da necessidade de cada pessoa.
O projecto de captação implementado na ilha surge como resposta às secas severas que têm afectado sobretudo os agricultores e a conservação das espécies endémicas da ilha.
A ilha Brava, a mais pequena das nove ilhas habitadas de Cabo Verde, é a que está situada mais a sul e conta com cerca de 5.600 habitantes.