No início deste ano, Nelson Teixeira começou a ministrar aulas de natação na praia de Kebra Canela.
“Normalmente venho para esta praia todos os dias fazer o meu treino de natação em prol da saúde. Como tenho conhecimento, as pessoas que me viam fazer isso começaram a pedir-me aulas de natação. Os adultos aderiram, mas a maioria dos meus alunos hoje são crianças”, conta.
Nelson fez uma formação para salva-vidas, embora não exerça esta profissão. Hoje, aproveita-se desta formação para ensinar outras pessoas a nadar e a manterem-se seguras nas praias e nas piscinas.
“As pessoas devem tomar aulas de natação porque, além de aprenderem para a sua própria segurança, ficam capacitadas para salvar outras pessoas ao seu redor que possam estar em situação de perigo”, argumenta.
Para este nadador salva-vidas, muitas pessoas não sabem nadar por falta de incentivo familiar, o que contribui para o desinteresse.
“Eu vejo que há poucas pessoas com interesse em nadar porque a própria família não incentiva isso aos filhos, quando proíbem os filhos de ir à praia porque o mar é perigoso. Preferem proibir os filhos de frequentar as praias do que financiar aulas de natação”, acredita.
“Na minha percepção, apesar de sermos ilhas rodeados de mar, há poucas pessoas com interesse no mar, poucas pessoas com interesse em aprender a nadar. Agora, com algumas publicidades e sensibilização após alguns desastres, isso começa a mudar”, observa.
Entretanto, diz que hoje muitos adultos que eram proibidos de frequentar as praias, mostram interesse em aprender a nadarpor serem conscientes de que não saber nadar acaba por ser um perigo.
A frequência das aulas, que duram cerca de 45 minutos, é flexível e depende das necessidades de cada aluno. Para a segurança desses dentro da água, Nelson conta com a ajuda de nadadores salva-vidas.
“Como medida de segurança, quando estamos na água, tenho colegas salva-vidas que sempre ficam alertas independentemente de estarem ou não em serviço. Ficam alertas como auxiliares”, assegura.
Infraestrutura para natação é um dos principais desafios
A União Desportiva da Praia aponta a falta de infraestrutura adequada como um dos principais desafios para a natação. Ainda assim, tem ofertas de aulas de natação para todas as idades e níveis de habilidade, desde bebés até adultos e para competição.
“Actualmente, trabalhamos na piscina do Parque 5 de Julho, que não é uma piscina de natação com medidas oficiais, mas é uma piscina que dá bastante jeito,” diz José María Ibáñez Pérez de la Blanca, director geral da União Desportiva da Praia (U.D.Praia).
José María de la Blanca aponta a necessidade de mais investimentos públicos no sector. Sem espaços próprios para prática deste desporto, durante os meses mais frescos, entre Outubro e Fevereiro, o número de alunos diminui, já que estes queixam-se de frio. Apesar dos desafios, a procura pelas aulas tem sido significativa.
“Nós temos aulas para todos os níveis. Desde aulas para bebés até aulas para pessoas adultas. Desde iniciantes até para competição. Normalmente temos mais procura por parte de crianças, mas há cada vez mais adultos que querem aprender a nadar. Porque é uma actividade desportiva muito completa e muito saudável para os adultos” explica.
Segundo este responsável, todos os instrutores da U.D.Praia são formados em desporto, garantindo a qualidade do ensino.
Actualmente, a escola tem entre 50 e 80 alunos, mas este número deve aumentar com a chegada do Verão. “Normalmente, agora no mês de Julho até Setembro conseguimos ter entre todos os horários uns 150 alunos, ou até, às vezes, perto de 200, depende do ano,” afirma.
Além das dificuldades com infraestrutura, a escola também enfrenta o desconhecimento dos benefícios da natação. “É uma dificuldade que já está mais ou menos ultrapassada: a falta de conhecimento dos benefícios de praticar natação e actividades aquáticas. Tanto para crianças quanto para adultos e idosos,” refere, exemplificando com impactos nas articulações, e o facto de trabalhar toda a musculatura do corpo.
A União Desportiva da Praia também é conhecida pela sua abordagem inclusiva, atendendo alunos com necessidades especiais.
“Um dos nossos atletas, Anderson, tem síndrome de Down. Também já houve casos de recebermos atletas com autismo, e nesses casos sempre tentamos adaptá-los aos grupos, dando a atenção que é preciso, mas incluindo-os nos grupos,” frisa.
O clube, que inicialmente começou com alunos aprendizes, conta agora com uma equipa júnior composta por mais de 15 atletas, entre os 12 e 17 anos, tanto femininos quanto masculinos.
Para fortalecer a formação dos jovens atletas, a União Desportiva da Praia tem buscado parcerias com escolas públicas e privadas.
Primeira piscina semi-olímpica da ilha de Santiago é da Escola Portuguesa
A Escola Portuguesa de Cabo Verde inaugurou, no passado dia 14 de Junho, a primeira piscina semi-olímpica da ilha de Santiago e a segunda do país. Esta infraestrutura, que será utilizada para aulas de natação já a partir do próximo ano lectivo, é vista como um marco importante para a educação física e o desporto.
Suzana Maximiano, directora da Escola Portuguesa, explica que a ideia de construir a piscina surgiu há oito anos, quando começaram a construção da escola.
A piscina será usada por alunos de todas as idades, desde o pré-escolar até ao 12º ano. “Os meninos vão começar todos com a iniciação à natação, vão todos ter aulas de natação dentro da disciplina de educação física. A natação faz parte do currículo das disciplinas de educação física, tal como futebol, vólei e basquete, e agora temos as condições para isso”, explica.
Além de beneficiar os alunos da Escola Portuguesa, a piscina também estará disponível para a comunidade local. Por exemplo, a escola já recebeu eventos de natação, incluindo um torneio nacional organizado pela Federação Nacional de Natação.
“Agora, durante o mês de Julho, teremos aqui os treinos dos atletas seleccionados para os Jogos Olímpicos, que nos pediram para usar a piscina,” acrescenta.
A piscina da Escola Portuguesa é vista como um “embrião dos futuros nadadores de Cabo Verde”, segundo a directora, e espera-se que a infraestrutura contribua para o desenvolvimento da natação no país.
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A Polícia Marítima de São Vicente informou no dia 30 de Junho, que um jovem da zona de Chã Vital (São Vicente) encontra-se desaparecido no mar na área conhecida por “Panelinha”.
Segundo informações avançadas no comunicado, a vítima pescava com um grupo de mais três indivíduos quando foi levada por uma onda e acabou por perder os sentidos, desaparecendo nas águas.
No mesmo comunicado, a Polícia Marítima reforça o apelo para que pescadores e banhistas tomem mais cuidado e respeitem as orientações das autoridades e sinalizações nas zonas costeiras, a fim de evitar situações como esta.
Ainda no mesmo dia, a Inforpress avançou que uma criança de 10 anos morreu afogada na praia balnear de Sinagoga, Ribeira Grande de Santo Antão. A agência de notícias informou que o menino estava na praia acompanhado de familiares, quando subitamente desapareceu. Após algum tempo, os familiares deram por sua falta e começaram a procurá-lo com a ajuda de várias pessoas na tentativa de o encontrar.
O corpo da criança foi localizado no mar e, apesar dos esforços para reanimá-la, todas as tentativas foram infrutíferas.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1180 de 10 de Julho de 2024.