“Nosso primeiro grande marco foi, sem dúvida, o próprio nascimento do banco. Após a decisão de estabelecer uma instituição financeira cabo-verdiana, emergimos como um banco de direito de Cabo Verde,” afirma a Comissão Executiva ao Expresso das Ilhas.
O período de 2007-2008 marcou a crise financeira global que deixou marcas profundas em todo o sector bancário. Para o grupo, a habilidade do Banco Interatlântico de ultrapassar essa crise demonstrou a sua solidez e capacidade de adaptação num ambiente económico adverso.
Crescimento e desafios
Após a crise, o Banco Interatlântico acompanhou a chegada massiva de investimento estrangeiro em Cabo Verde, principalmente na área do turismo, mas também em outros sectores empresariais.
“A partir de 2017, o desafio foi cumprir o plano de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, que impactou todas as nossas unidades internacionais,” explica. A Comissão Executiva ressalta a implementação de mecanismos de controle interno, compliance, auditoria interna e gestão de risco, alinhados com as orientações do Banco Central Europeu (BCE).
“Cumprir as determinações do BCE, além das regulamentações do Banco de Cabo Verde, foi um grande desafio para um banco em Cabo Verde”, acrescenta.
Quanto ao contributo do BIA para o desenvolvimento do sector Bancário em Cabo Verde, a CE afirma que o banco construiu um modelo robusto de controlo interno e investiu massivamente na formação especializada de muitos quadros.
Práticas que consideram que beneficiam não só o banco, mas também o ecossistema financeiro do país.
O banco também implementou modelos de análise de risco de crédito, utilizando scoring para clientes particulares e rating para empresas. “Isso permite-nos fixar preços justos para operações, remunerando adequadamente a estrutura de custos e os riscos,” explica.
Inovações, responsabilidade social e transformação digital
Ao longo da sua história, o Banco Interatlântico introduziu várias inovações no mercado financeiro de Cabo Verde, conforme ressalta o grupo.
“Fomos o primeiro banco a instalar um ATM. Além disso, o banco tem apoiado grandes operações de financiamento internacionais e grupos autóctones.
A Comissão Executiva salienta que o BIA tem um modelo de controlo interno alinhado com a exigência do BCE, a nível de compliance, gestão de risco e auditoria.
“Adoptámos os modelos de scoring para particulares e de rating para empresas, o que permite apurar um modelo econométrico que ele parece engastado ao risco das operações E, portanto, o banco consegue fixar um preço justo às operações que remunera”, explica.
O BIA adoptou ainda um novo modelo de agência que é uma réplica do novo modelo de agência da Caixa Geral de Depósitos, em que há uma diferença substancial para a agência tradicional.
“Temos uma capacidade de adaptar o serviço de atendimento ao fluxo de clientes que surge na agência, para o tipo de serviço que procuram”, fundamenta.
O Banco Interatlântico tem um forte compromisso com a responsabilidade social e a sustentabilidade. Segundo a CE, o banco tem um programa de ESG (Environmental, Social, and Governance) muito ambicioso, alinhado com as orientações do BCE.
Também apoia diversas iniciativas culturais, como a edição de livros e a preservação das artes cabo-verdianas, além de projectos sociais e ambientais.
No que tange à transformação digital, o banco está a reforçar a sua infraestrutura tecnológica e a melhorar a protecção contra ciber-riscos.
“Este ano já duplicámos a capacidade de processamento do banco. Há um tema que em 2025 estaremos prontos, o banco não vai parar como é. As suas operações de serviço ao cliente, que se assiste a que a partir de uma determinada hora os bancos param o serviço de internet banking e nós para o ano já não vamos parar”.
“E pretendemos, em 2024 ainda, e está dependente aqui de uma integração com o sistema autêntico e com a assinatura digital qualificada via chave móvel digital, assim que as entidades privadas poderem ter acesso, temos uma solução de onboarding totalmente digital para clientes. Portanto, criação de cliente e abertura de conta, através do telefone, sem qualquer intervenção humana”, revela.
Aliás, a CE acrescenta que o BIA está implementando um workflow de crédito totalmente digital, permitindo que os clientes obtenham crédito ao consumo em menos de uma hora.
O banco também está focado em aumentar a base de clientes digitais activos.
Presente em quatro ilhas: São Vicente, Sal, Boa Vista e Santiago
Conforme a Comissão Executiva, o banco está presente apenas nessas ilhas uma vez que o accionista principal, a Caixa Geral dos Depósitos, tinha outro banco em Cabo Verde e não justificava ter redes duplicadas em todas as ilhas.
Mesmo presente em quatro ilhas, representa 85% do PIB nacional.
Planos futuros
“Estamos a preparar para o cenário pós-alienação do BCA, com um forte investimento em infraestruturas tecnológicas,” diz.
Aliás, a CE anuncia que uma potencial mudança de todo o sistema core bancário está a ser considerada para 2025.
“Ponderamos inclusivamente, isto é uma notícia em primeira mão, uma potencial mudança de todo o sistema core bancário, do sistema central bancário do banco, no próximo ano”, anuncia.
O BIA tem ainda um amplo programa formativo de vária natureza e, neste momento, estão três equipas a participar, por exemplo, no programa de gestão dos jogos de gestão que o grupo Caixa realiza internacionalmente.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1182 de 24 de Julho de 2024.