Benedicte Elting cria primeiro forno solar comunitário em Cabo Verde

PorEdisângela Tavares,4 ago 2024 9:11

A comunidade de São Domingos acolhe o primeiro forno solar comunitário do país, uma iniciativa de Benedicte Elting, que é uma cidadã de nacionalidades luxemburguesa e cabo-verdiana. O forno, que começou a operar recentemente, permite que as mulheres locais produzam pães, bolachas e bolos sem gastar nada em lenha, gás ou electricidade.

O projecto, intitulado de “Pão de Sol”, nasceu da vontade de Benedicte Elting em criar um forno para uso comunitário que utilizasse integralmente a luz do sol. Inicialmente, a ideia era produzir pão para seu próprio consumo, mas o conceito atraiu diversos interessados e foi expandido para atender a comunidade.

“O forno solar é um projecto privado, que pode ser usado pela comunidade de São Domingos e arredores. A ideia era primeiramente reservar o forno um dia por semana para as minhas produções, que é o ‘pão de sol’, e os restantes dias seriam reservados para a produção da comunidade. Os interessados podem manifestar interesse por questões de organização. Estamos ainda no início do projecto, mas acredito que com o tempo ganharemos mais espaço e a confiança das pessoas. Queremos expandir o projecto, ajudar para que mais pessoas tenham acesso ao forno solar.”

Para garantir o funcionamento eficiente do forno, ele precisa ser regulado de acordo com a posição do sol.

“O forno solar precisa ser ajustado a cada 10 minutos conforme a posição do sol. Este é um aspecto crucial para manter a temperatura ideal de cozimento. Além disso, o forno não funciona em dias de chuva, com bruma seca ou tempo fechado. Nessas condições, é impossível captar a energia solar necessária para o seu funcionamento. Portanto, trabalhamos com base em encomendas e os clientes estão cientes dessas limitações climáticas”.

O forno possui um termómetro interno para monitorar a temperatura, que é mais eficiente em dias claros e ensolarados. O tempo de cozimento é semelhante ao de um forno convencional, com uma possível diferença de alguns minutos. “Também não podemos estar a abrir constantemente o forno, isso é uma regra geral para qualquer forno, por conta da temperatura que pode descer”, explica Elting.

Investimento e Sustentabilidade

O custo do forno solar foi de 2.500 euros, sendo um projecto privado sem financiamento de outras organizações. A ideia inicial era encontrar todas as peças em Cabo Verde, mas a maioria teve que ser importada, complicando a manutenção. Um dos desafios foi encontrar espelhos com o diâmetro certo, mas uma parceria local ajudou a resolver esse problema.

O projecto “Pão de Sol” foi inicialmente concebido para atender às necessidades domésticas, principalmente para produzir o pão de fermentação natural, que não é comum em Cabo Verde. Com a expansão da ideia pela comunidade, parcerias com estabelecimentos locais foram estabelecidas para a venda dos produtos.

Futuro e Expansão

Elting está confiante no potencial do projecto e deseja expandi-lo, especialmente para comunidades remotas, promovendo capacitação para jovens e mulheres. “Queremos expandir o projecto, ajudar para que mais pessoas tenham acesso a este grande projecto. É claro que temos de ir passo a passo”, afirma.

O forno solar tem uma vida útil estimada de 17 a 19 anos, e Elting está optimista de que, com o tempo, ganhará mais espaço e confiança das pessoas. “Estamos dispostos a colaborar para a capacitação da população e colaborar em tudo para o projecto expandir a outras comunidades e promover o desenvolvimento.”

Em Cabo Verde, o forno comunitário é uma realidade que promete impulsionar a economia local e proporcionar uma fonte de renda sustentável para muitas famílias. “O forno comunitário é uma ajuda para as mulheres e jovens terem um ganha-pão”, considera Elting.

O forno, totalmente solar, começou a funcionar em São Domingos, na ilha de Santiago, e possibilita às mulheres locais fazer pães, bolachas e bolos sem o recurso à lenha, gás ou electricidade.

Este método inovador de produção reduz não apenas significativamente os custos de produção, mas também contribui para a preservação do meio ambiente. Benedicte Elting decidiu instalar um forno comunitário que utiliza integralmente a luz do sol para auxililiar no desenvolvimento económico e impulcionar a criação de pequenos negócios.

Funcionamento

A técnica, relativamente simples, usa espelhos para focar os raios do sol num único ponto, gerando uma temperatura que atinge até 900 graus, suficiente para diversas aplicações além da panificação, como torrar milho e secar madeira para carpintaria. Este projecto economiza não só recursos financeiros, mas também promove a sustentabilidade ambiental e pode inspirar padeiros e empresários a adoptarem a energia solar como uma fonte viável e económica para suas actividades.

O forno solar comunitário foi confeccionado por uma empresa internacional, Lytefire, e, como conta Benedicte Elting, apresenta inúmeras vantagens ambientais e benefícios para a saúde. Utilizando exclusivamente a luz do sol, o forno elimina a necessidade de lenha, gás ou electricidade, reduzindo significativamente as emissões de carbono e contribuindo para a preservação das florestas e a diminuição do desmatamento.

Este método sustentável ajuda não só a combater as mudanças climáticas, como também proporciona um ambiente mais saudável para as comunidades locais. A queima de lenha e combustíveis fósseis é frequentemente associada a problemas respiratórios devido à inalação de fumaça e poluentes. Ao adoptar o forno solar, as famílias evitam a exposição a esses agentes nocivos, promovendo uma melhor qualidade do ar e, consequentemente, uma melhoria na saúde respiratória dos usuários. Além disso, a redução de custos de produção permite que mais recursos sejam direccionados para necessidades essenciais, fortalecendo a economia local e apoiando o desenvolvimento sustentável. 

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1183 de 31 de Julho de 2024.

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Autoria:Edisângela Tavares,4 ago 2024 9:11

Editado porJorge Montezinho  em  5 ago 2024 14:24

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