Embaixada de Cabo Verde em Portugal repudia declarações que promovem estigmatização de imigrantes após morte cabo-verdiano

PorSheilla Ribeiro,23 out 2024 12:00

A Embaixada de Cabo Verde em Portugal repudiou hoje as declarações públicas que, segundo a instituição, promovem a estigmatização de comunidades imigradas, após a morte de Odair Moniz, cabo-verdiano, vítima de disparo por arma de fogo por um agente da Polícia de Segurança Pública portuguesa (PSP).

Em comunicado, a Embaixada reafirmou o seu pesar pela morte de Odair Moniz e a confiança de que as autoridades portuguesas realizarão uma investigação rigorosa para apurar os factos e eventuais responsabilidades.

“Esta Missão Diplomática, no entanto, deplora profundamente e repudia com veemência certas declarações vindas a público que não fazem outra coisa que não seja estigmatizar as comunidades imigradas, pondo rótulo em função da raça ou da origem, como se esses factos determinassem, fatalmente, comportamentos antissociais e criminosos”, lê-se no comunicado.

A Embaixada classificou como inaceitável e desumana a comemoração da morte violenta de Moniz e o pedido de condecoração do agente suspeito, considerando tais atitudes uma afronta aos princípios de humanismo e democracia.

No entanto, reiterou o apelo à serenidade e ao protesto pacífico, reforçando que qualquer acto de violência só contribui para alimentar ideologias de intolerância.

Também reforçou a necessidade de justiça, sem prescindir da paz, para que os imigrantes continuem a ser reconhecidos como cidadãos trabalhadores e respeitadores das leis.

Odair Moniz, de 43 anos, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, na Amadora, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.

Segundo a direcção nacional da PSP, o homem pôs-se “em fuga”, de carro, após ver uma viatura policial na Avenida da República, na Amadora, e “entrou em despiste” na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los recorrendo a arma branca”.

Segundo o Observador, a investigação da Polícia Judiciária à morte de Odair Moniz, sugere que terá havido um uso desproporcional e injustificado de força.

Na sequência da morte de Moniz foi registado na noite desta terça-feira, um total de 60 ocorrências na Grande Lisboa.

Entre os episódios registados, está a destruição de um autocarro da Carris que foi incendiado no Bairro do Zambujal, após ter sido roubado por um grupo de jovens que exigiram a saída dos passageiros e do motorista do seu interior. Horas depois, e já noite dentro, um segundo autocarro foi incendiado, assim como vários caixotes do lixo e uma viatura ligeira.

De referir, entretanto, que o presidente do Chega, André Ventura, manifestou-se contra a constituição como arguido do agente da PSP que baleou Moniz e que disse que deveria  “agradecer-lhe pelo trabalho que fez de parar um criminoso”.

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Autoria:Sheilla Ribeiro,23 out 2024 12:00

Editado porSara Almeida  em  23 out 2024 12:00

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