Em comunicado, a Embaixada reafirmou o seu pesar pela morte de Odair Moniz e a confiança de que as autoridades portuguesas realizarão uma investigação rigorosa para apurar os factos e eventuais responsabilidades.
“Esta Missão Diplomática, no entanto, deplora profundamente e repudia com veemência certas declarações vindas a público que não fazem outra coisa que não seja estigmatizar as comunidades imigradas, pondo rótulo em função da raça ou da origem, como se esses factos determinassem, fatalmente, comportamentos antissociais e criminosos”, lê-se no comunicado.
A Embaixada classificou como inaceitável e desumana a comemoração da morte violenta de Moniz e o pedido de condecoração do agente suspeito, considerando tais atitudes uma afronta aos princípios de humanismo e democracia.
No entanto, reiterou o apelo à serenidade e ao protesto pacífico, reforçando que qualquer acto de violência só contribui para alimentar ideologias de intolerância.
Também reforçou a necessidade de justiça, sem prescindir da paz, para que os imigrantes continuem a ser reconhecidos como cidadãos trabalhadores e respeitadores das leis.
Odair Moniz, de 43 anos, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, na Amadora, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.
Segundo a direcção nacional da PSP, o homem pôs-se “em fuga”, de carro, após ver uma viatura policial na Avenida da República, na Amadora, e “entrou em despiste” na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los recorrendo a arma branca”.
Segundo o Observador, a investigação da Polícia Judiciária à morte de Odair Moniz, sugere que terá havido um uso desproporcional e injustificado de força.
Na sequência da morte de Moniz foi registado na noite desta terça-feira, um total de 60 ocorrências na Grande Lisboa.
Entre os episódios registados, está a destruição de um autocarro da Carris que foi incendiado no Bairro do Zambujal, após ter sido roubado por um grupo de jovens que exigiram a saída dos passageiros e do motorista do seu interior. Horas depois, e já noite dentro, um segundo autocarro foi incendiado, assim como vários caixotes do lixo e uma viatura ligeira.
De referir, entretanto, que o presidente do Chega, André Ventura, manifestou-se contra a constituição como arguido do agente da PSP que baleou Moniz e que disse que deveria “agradecer-lhe pelo trabalho que fez de parar um criminoso”.