A solicitação foi feita em declarações à Inforpress, no final de um encontro da Equipa Multidisciplinar de Apoio à Educação Inclusiva (EMAEI) com docentes e encarregados de educação para revisão dos planos educativos de seis alunos com NEE nesta escola.
Cláudia Semedo, directora de turma de uma aluna com deficiência visual, enfatizou a importância de um trabalho conjunto para superar a barreira de aceitação, tanto entre alunos quanto entre encarregados de educação.
“Muitas vezes, a resistência dos próprios alunos dificulta o processo de ensino-aprendizagem”, apontou, explicando que em sua turma, a maior dificuldade tem sido a aceitação por parte da própria aluna.
Entretanto, destacou a inclusão como um ponto positivo na sua sala, justificando que os colegas ajudam a aluna, principalmente nas actividades orais.
Mesmo com essa integração, Semedo defende que, para atender a demandas específicas, é crucial que os professores recebam formação contínua, principalmente em técnicas para trabalhar com estudantes com diferentes NEE.
Igualmente, Paulo Cabral, professor de língua gestual que trabalha com uma turma de alunos surdos, compartilhou as dificuldades de comunicação que enfrenta, especialmente pela variação no ritmo de aprendizado dos alunos.
Neste sentido, Cabral sugeriu que treinamentos adicionais em linguagem gestual e estratégias de ensino seriam benéficos para todos os professores que eventualmente precisam lidar com alunos com NEE, sem descartar outras formações para lidar com outras necessidades educativas.
Riza Veiga, mãe de uma aluna com deficiência visual relatou sua experiência pessoal e explicou que sua filha, agora no 7º ano, inicialmente teve dificuldades para adaptar-se, enfrentando discriminação por parte dos colegas.
Com o tempo, realçou que a criança passou a se integrar melhor e a ser melhor aceite, mas que ainda luta para aceitar sua própria deficiência, o que tem sido uma luta constante em casa, mas também juntamente com a EMAEI.
Sobre o processo ensino-aprendizagem diz estar ciente de que essa negação está a afectar a sua filha, não na assimilação dos conteúdos, porque, afirmou que nesta parte não tem tido dificuldade e a prova disso é que tem 11 anos e já estuda o 7º ano, mas tem esforçado muito a sua visão, visto que, nem os óculos ela utiliza, quanto mais a lupa ou outros equipamentos.
Ainda, no ambiente escolar, essa mãe apela para a intensificação acções de sensibilização, e pediu aos pais de crianças com necessidades especiais que não se deixem abater e não escondam os filhos.
Sobre estas questões, à Inforpress, o director do Liceu Amílcar Cabral, António Rafael de Pina, afirmou que a escola está comprometida com a educação inclusiva, e explicou que para garantir uma educação inclusiva e adaptada para alunos com NEE, a escola iniciou um processo de identificação colaborativa dos estudantes que necessitam de apoio, trabalhando em conjunto com as famílias.
Sobre a necessidade de mais formações para a classe docente, disse concordar que a formação e a capacitação são sempre bem-vindas e destacadas como essenciais para atender alunos com NEE.
“No início do ano lectivo, é comum que professores enfrentem dificuldades para lidar com estudantes com NEE, especialmente em casos de surdez ou outras condições específicas”, disse ele, destacando a importância de formações regulares.
Entretanto, explicou que essa formação precisa ser equilibrada com as outras obrigações dos professores, que já lidam com uma carga de trabalho elevada, inclusive aos sábados têm coordenação e essas formações têm de se procurar uma alternativa, muitas vezes em horários contrários aos das aulas.
Por fim, o director fez um apelo para que toda a comunidade educativa, incluindo pais, alunos, funcionários e o Ministério da Educação, trabalhem em conjunto para garantir o bem-estar dos alunos com NEE.
A resiliência, destaca, é “fundamental para enfrentar os desafios do ensino inclusivo, e o apoio colectivo pode transformar o ambiente escolar em um espaço acolhedor e respeitoso para todos”.
A Escola Secundária Amílcar Cabral pertence ao agrupamento nº1, que é o agrupamento maior do concelho e, segundo informações do director, é composto por 11 escolas.
Neste agrupamento, conforme informações da coordenadora do EMAEI, encontram-se mais de 30 alunos sinalizados.