Sabor japonês que conquistou a capital cabo-verdiana

PorSheilla Ribeiro,1 nov 2024 9:17

No dia 1 de Novembro celebra-se o Dia Internacional do Sushi. Na cidade da Praia, este prato tem se tornado cada vez mais popular, com novos restaurantes especializados surgindo e supermercados que já oferecem os ingredientes necessários para a produção dessa iguaria.

Sushi, uma preparação tradicional japonesa, combina arroz temperado com vinagre e recheios como frutos do mar, peixe fresco, vegetais e, por vezes, ovo. Na sua versão ocidental, o prato também incorpora frutas, cream cheese e até o famoso “hot roll,” o Sushi empanado e frito.

Na cidade da Praia, este prato tem se tornado cada vez mais popular. Além dos restaurantes, já há quem o faça em casa para vender.

É o caso de Eurytce Pina, ou Pretinha do Sabor, que em 2018 entrou no mundo da culinária, inicialmente apenas com confeitaria e salgados.

“Comecei a aprender a fazer Sushi em Outubro de 2023, foi a primeira vez que tentei, influenciada por um amigo, que me ensinou as técnicas de preparação. Só comecei a fazer para vender em Maio deste ano”, conta ao Expresso das Ilhas.

Para Eurytce, o Sushi tornou-se um fenómeno na capital. “De momento, Sushi é um prato com muita procura. Acredito que inicialmente mais pelo ‘‘hype”, mas as pessoas começam a experimentar e gostar, arrisco até a dizer que se viciam”, considera.

A cozinheira salienta que muitos acabam por descobrir o sabor “sem preconceito,” influenciados pela popularidade das redes sociais e pela curiosidade em experimentar novos pratos.

Adaptações locais

Quase todos os produtos usados na confecção deste prato são importados, com excepção do atum. Segundo Eurytce, a cultura do Sushi em Cabo Verde também revela adaptações locais e ingredientes que vão além da tradição japonesa.

“Aqui temos a influência brasileira de usar frutas, cream cheese e até o “hot roll’”, explica.

Entretanto, Eurytce revela que não é possível encontrar no mercado nacional salmão fresco, razão pela qual se utiliza o importado. Mas, o peixe, que por vezes é o principal no paladar, é sempre fresco e até tem alguém que fornece.

“Quanto aos outros insumos não há tanta dificuldade assim, excepto o ’wassabi’ e alguns ingredientes decorativos”, diz.

Sobre a conservação e manipulação dos ingredientes, Eurytce garante, é cuidadosa. “A manipulação dos ingredientes é de grande importância, principalmente do peixe, evitando a contaminação cruzada e preservando o frescor”.

Uma vez que o Sushi da Pretinha do Sabor é confeccionado em casa, o principal desafio, conforme conta, é a operação delivery.

“O meu principal desafio, com certeza, é com o delivery. Encontrar ‘motoboys’ que façam um serviço de excelência, sem causar constrangimentos, é complicado”, conclui.

Dois anos de sucesso com o sushi no menu

Desde Março de 2022, o restaurante Sabores do Mundo, na cidade da Praia, trouxe o Sushi como parte do seu menu.

“O Sabores do Mundo começou em casa, com serviço de take-away e delivery. Tínhamos um espaço com quatro mesas para quem queria experimentar o Sushi num ambiente privado e caseiro” explica a sócia do restaurante, Elizabete Centeio.

“A demanda cresceu rapidamente e, em Setembro de 2022, abrimos um espaço maior em Palmarejo, em frente ao Campus da Justiça, onde estamos até hoje”.

A popularidade do Sushi, segundo a responsável, não se limita à cidade da Praia. “A procura pelos pratos típicos japoneses tem aumentado, não só por clientes da cidade, mas também de outras partes do país”, relata.

Como exemplo, cita que têm clientes do interior da ilha de Santiago, de São Vicente e do Fogo, que sempre que visitam a cidade da Praia fazem questão de pedir o Sushi e levar para as suas ilhas.

Quanto aos ingredientes utilizados, o Elizabete Centeio reconhece que há uma limitação relativamente a produtos específicos para a culinária japonesa na cidade. “A maioria dos nossos produtos, tanto secos quanto frescos, são importados, o que acaba por tornar o preço de venda um pouco mais caro que outros tipos de pratos” explica.

Por esta razão, para os ingredientes frescos, como peixe, há um processo rigoroso de aquisição e preparo.

“Compramos peixe fresco, como atum e cavala, no Cais da Praia e nós mesmos fazemos o corte e a preparação para garantir a qualidade e evitar contaminações. No caso do salmão, ele é comprado inteiro e chega ultracongelado”, explica a sócia.

Essa preocupação, garante, é parte dos cuidados fundamentais do restaurante, especialmente em relação à higiene e segurança alimentar.

“A tábua, os utensílios e as mãos devem estar sempre limpos, e o ‘sushiman’ precisa evitar a contaminação cruzada entre os ingredientes”, ressalta o restaurante.

Sobre os pratos preferidos dos clientes, o Sabores do Mundo oferece uma variedade que agrada diferentes gostos.

“Aqueles que estão a começar preferem os rolos fritos, enquanto os amantes do Sushi optam por peças variadas, com menos frituras” diz.

Elizabete centeio ressalta que não há nenhum tipo de adaptação no preparo do Sushi para agradar ao paladar cabo-verdiano. Isto porque, segundo aponta, o povo cabo-verdiano sempre foi muito curioso e actualmente a maioria das pessoas tem estado a procurar alimentar-se o mais saudável possível.

“A procura da comida japonesa, tem aumentado porque oferecem saúde e bem-estar ao nosso corpo sem falar de mais tempo de vida. Basta ver o povo japonês, segundo a estatística têm mais tempo de vida devido aos seus hábitos alimentares”, finaliza.

Quanto aos desafios, Elizabete aponta a logística como um grande obstáculo, já que muitos dos produtos são importados, o que implica esperar na alfândega devido a burocracias que atrasam o processo de liberação da carga.

Além disso, a falta de profissionais qualificados e a cultura local ainda em fase de adaptação ao conceito de peixe cru tornam a introdução do Sushi mais complexa. “Muitas pessoas pensam que Sushi é só cortar o peixe e servir, o que gera receio. Se vissem o preparo, talvez experimentassem”, completa, acrescentando outro desafio relacionado ao alto custo de utensílios, como facas japonesas para corte preciso, que podem custar até 500 euros cada. 

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1196 de 30 de Outubro de 2024.

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Autoria:Sheilla Ribeiro,1 nov 2024 9:17

Editado porDulcina Mendes  em  21 nov 2024 10:20

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