Albertino Martins participava do painel sobre “Transformação Azul”, durante a qual falou da experiência de Cabo Verde na aplicação da abordagem ecosistémica das pescas, integrado na 7ª edição da Cabo Verde Ocean Week [Semana dos Oceanos de Cabo Verde], que decorre no Centro Oceanográfico do Mindelo.
“A abordagem ecossistémica na pesca surgiu uma vez que sempre tivemos como alvo os recursos e as avaliações eram metidos de forma isolada. Fazíamos as avaliações para a cavala, fazíamos também para outros recursos e não tínhamos em conta o ecossistema todo, o meio envolvente, uma vez que há uma correlação bem clara entre esses recursos e os outros que fazem parte da cadeia”, explicou.
Segundo Albertino Martins, apesar das dificuldades, porque os modelos de avaliação que utilizam já estão a cair em desuso, hoje já há possibilidades de acoplar a esses modelos variáveis como por exemplo as mudanças climáticas entre outras variáveis, que estão a experimentar agora, para ter uma “verdadeira abordagem ecossistémica nas pescas”.
“Temos que ter em conta também as formas como fazemos as capturas, porque isso também vai influenciar a própria abordagem ecossistémica das pescas. Temos o hábito de utilizar, por exemplo, a rede de cerco e outras artes de pesca, mas temos que ser selectivos nesse aspecto”, considerou.
Conforme o presidente do IMar, essa selectividade passa por utilizar equipamentos com materiais biodegradáveis evitando “a pesca fantasma”.
No seu entender, Cabo Verde já está de forma indirecta a implementar a abordagem ecossistémica da pesca.
Isto porque, explicou, existe um plano de gestão, um sistema de levantamento de dados e o IMar faz as avaliações.
Ou seja, clarificou, existem três regimes da pesca em Cape Verde que são a administração pesqueira, a fiscalização e a investigação.
Para a mesma fonte, a avaliação permitiu ter um quadro coerente sobre o potencial dos recursos que existem no país.
O presidente do IMar explicou que essa avaliação já é feita em relação às espécies mais “emblemáticas e comerciais” desde os pequenos pelágios, as espécies demersais, que vivem a maior parte do tempo no fundo do mar, a cavala, o chicharro e a cachorrinha.
Segundo Albertino Martins, isso possibilitou que tivessem a noção de que é preciso moderar o esforço de pesca nesses recursos.
Também motivou a realização das prospecções para ter em alternativa outras espécies, que estão menos exploradas e congestionadas, deixando esses recursos entrar num período de descanso para que voltem de novo a ser capturados.