"Cabo Verde deixou de dar atenção à seca e à desertificação", referiu Januário Nascimento, presidente da Associação para a Defesa do Ambiente e Desenvolvimento (ADAD).
"Será de todo o interesse, uma abertura da parte do Governo em relação às organizações da sociedade civil, para ter informações. A questão da emergência climática será de muito interesse e pensamos que os dossiers que estão em cima da mesa precisam de dados", considerou.
Melhorar a gestão da água, implementar energias renováveis e apostar na educação ambiental, são outros assuntos que Cabo Verde deve levar à Cimeira das Nações Unidas sobre o Clima (COP29), de 11 a 22 de novembro em Baku, acrescentou.
Por outro lado, há muitas promessas feitas em cimeiras anteriores que precisam de ser cumpridas, como a questão financeira para alimentar o fundo verde "que será de muito interesse para Cabo Verde e outros estados insulares", disse Januário Nascimento.
A ameaça das secas é vista pela bióloga oceanógrafa e docente universitária Corrine Almeida como uma prioridade, mas também como "uma oportunidade para Cabo Verde" apostar no reflorestamento, na agricultura sustentável e na agroecologia.
Aqueles esforços contribuiriam para combater as mudanças climáticas, para proteger o meio ambiente, assim como para "maior segurança alimentar".
Corrine Almeida apontou ainda que Cabo Verde deve intensificar a sua participação no mercado de créditos de carbono, garantindo a certificação da sua produção de energia de baixo carbono e investindo em estratégias de conservação costeira.
Destacou igualmente a necessidade de uma maior investigação no ambiente marinho para avaliar os efeitos das mudanças climáticas na subida do nível do mar e no impacto na zona costeira do arquipélago.
Para a bióloga, a COP29 é uma oportunidade para Cabo Verde consolidar a sua posição global em temas estratégicos como energias renováveis, combate à desertificação e segurança alimentar, fortalecendo ao mesmo tempo a capacidade de adaptação às mudanças climáticas.
A COP29 tem como objectivo discutir as mudanças climáticas e encontrar soluções para problemas ambientais globais, tendo como prioridade a negociação de novas metas de financiamento climático e a aceleração da transição energética.