“Nas vésperas de completar 80 anos, as Nações Unidas (ONU) carecem de uma nova arquitectura, especificamente de uma reforma do seu Conselho de Segurança. É preciso que este órgão reflicta a evolução do número de membros desde a sua criação e realize a inclusão da África, o único continente ausente da categoria de membro permanente do Conselho de Segurança”, disse.
“Cabo Verde reafirma o seu alinhamento com os objectivos preconizados pela comunidade internacional, destacando a centralidade das Nações Unidas como o espaço privilegiado para a promoção da paz, da segurança e do desenvolvimento sustentável”, continuou.
Segundo José Maria Neves, a posição de Cabo Verde é clara e firme no que respeita à resolução pacífica de conflitos, pautando-se sempre pelo irrestrito respeito à Carta das Nações Unidas e ao direito internacional e humanitário.
O Chefe de Estado fez estas declarações durante a sua mensagem de cumprimentos de Ano Novo direccionada ao corpo diplomático e parceiros internacionais.
Na altura, apelou também ao fortalecimento das relações bilaterais e multilaterais, sublinhando o diálogo como instrumento essencial para a resolução de conflitos e para a promoção de um futuro mais justo e próspero.
No seu discurso, José Maria Neves fez, igualmente, uma análise abrangente dos desafios globais, incluindo o agravamento dos conflitos, o retrocesso das democracias e os impactos das alterações climáticas.
“O meu desejo é que haja uma inflexão e que sejam encontradas as melhores soluções para as causas desses conflitos o mais rapidamente possível. O mundo deve dar chance à paz e colocar termo à dor e ao sofrimento que acabam por afectar países e povos”, afirmou.
O Presidente da República destacou que 2024 foi marcado por recordes históricos de aumento de temperatura, fenómenos climáticos extremos e catástrofes naturais, que atingem de forma desproporcional os pequenos estados insulares em desenvolvimento, como Cabo Verde.
Nesse sentido, reforçou a necessidade de mobilização de recursos internacionais para projectos de mitigação e adaptação climática, priorizando a transição energética, a gestão sustentável dos recursos hídricos e o combate à desertificação.
José Maria Neves sublinhou ainda o papel vital da diáspora cabo-verdiana na promoção das relações económicas, culturais e sociais com os países de acolhimento, reconhecendo o seu contributo inestimável para o progresso das ilhas.
Com 2025 como um ano pré-eleitoral, José Maria Neves expressou confiança na maturidade democrática do país, prevendo um processo tranquilo nas eleições legislativas e presidenciais de 2026.
“Estamos também convencidos de que, com o concurso de todos, continuaremos a combater a desigualdade e a pobreza em Cabo Verde”, salientou o Presidente da República.