O estudo foi publicado no Frontiers in Marine Science analisou a ocorrência de tubarões na Macaronésia e concluiu que, entre os quatro arquipélagos estudados, as Canárias apresentam a maior riqueza específica, com 56 espécies registadas, seguidas de Cabo Verde (53 espécies), Madeira (52 espécies) e Açores (45 espécies).
Apesar desta elevada diversidade, os cientistas alertam que a governança oceânica em Cabo Verde oferece pouca protecção a estas espécies. O estudo indica que menos de 1% da Zona Económica Exclusiva (ZEE) do país está coberta por áreas marinhas protegidas, deixando de fora zonas críticas para a conservação de tubarões.
“Este estudo fornece dados valiosos e reforça a necessidade urgente de mais estudos e uma maior proteção de tubarões nas águas de Cabo Verde”, afirma Jaquelino Varela, primeiro autor do estudo e biólogo cabo-verdiano, actualmente doutorando do MARE-FCUL.
Em cada arquipelágo, segundo os investigadores há 10 espécies prioritárias para conservação e as seis principais são tubarões pelágicos, o que reforça a necessidade de criar um corredor migratório protegido na região.
Outra descoberta foi a ausência de espécies ovíparas em Cabo Verde, ao contrário dos outros arquipélagos da Macaronésia, onde se encontram seis dessas espécies.
O estudo foi conduzido por investigadores cabo-verdianos e portugueses, ligados a instituições como a Universidade de Lisboa, MARE/ARNET, Associação Sphyrna, Inspeção Geral das Pescas, Associação Biosfera, Universidade Técnica do Atlântico e Universidade do Porto, no âmbito do projeto NGANDU, liderado pelo investigador Rui Rosa. O projecto recebeu financiamento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia e da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento.