O apelo foi feito, em entrevista à Inforpress, no âmbito do Dia Internacional da Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina, assinalado anualmente a 06 de Fevereiro, com o objectivo de sensibilizar a sociedade civil para a erradicação desta prática.
Lourença Tavares aproveitou a ocasião para parabenizar a iniciativa dos próprios países africanos em criar o combate de tolerância zero a mutilação genital feminina.
“Em Cabo Verde apelo ao país que esteja atento tendo em conta que recebe imigrantes que chegam com as suas culturas, e penso que temos que afirmar com as nossas tradições e respeito aos direitos”, disse.
Lembrou que a prática da mutilação genital feminina não faz parte da cultura cabo-verdiana, advertindo que quem entra deve se adaptar à cultura de Cabo Verde, buscando respeitar os direitos das crianças, neste caso, meninas.
“Cabo Verde aderiu a esta campanha tendo em conta que passamos a acolher imigrantes para fortalecer aquilo que países africanos que o praticam se esforçam para o combater”, sublinhou, defendendo que serviços do Estado que trabalham a temática de desenvolvimento social devem estar mais presentes na comunidade.
Por outro lado, observou que hoje em dia existem muitas associações em todos os bairros que podem intervir na comunidade e ajudar famílias, crianças e a própria escola a falar desta temática para que todos estejam informados e possam proteger essas crianças.
A mutilação genital feminina (MGF) é definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), como “todos os procedimentos que envolvam a remoção parcial ou total dos órgãos genitais externos ou quaisquer danos infligidos aos órgãos genitais femininos por motivos não médicos”.
Estima-se que pelo menos 200 milhões de meninas e mulheres tenham sofrido alguma forma de MGF, sobretudo nos países onde esta prática está concentrada (África, Médio Oriente, Ásia). Devido à imigração, a MGF é praticada em países onde tradicionalmente não ocorria, sendo realizada no seio das comunidades originárias daqueles países.
Neste sentido, o objectivo da celebração desta data é sensibilizar a sociedade civil para a erradicação desta prática, que lesa a saúde física e psicológica de milhares de mulheres, raparigas e meninas em todo o mundo.