Dia Mundial da Epilepsia: Cerca de cinco mil pessoas sofrem desta patologia em Cabo Verde

PorExpresso das Ilhas, Inforpress,9 fev 2025 16:51

A médica neurologista do Hospital Universitário Agostinho Neto Antónia Fortes afirmou hoje que em Cabo Verde cerca de cinco mil pessoas sofrem com a epilepsia, sendo a maioria delas em idade pediátrica e adolescência.

Antónia Fortes, que falava em entrevista à Inforpress a propósito do Dia Mundial da Epilepsia, que se assinala na segunda-feira da segunda semana de Fevereiro, disse que uma das epilepsias mais frequentes em Cabo Verde é a epilepsia secundária, a cisticercose do sistema nervoso central que é uma infecção parasitária do cérebro e a epilepsia vascular, sendo ambas preveníveis.

Epilepsia secundária a traumatismo de crânio é outro tipo de epilepsia realçada pela neurologista.

A neurologista que atende pacientes com esta doença neste hospital apontou que um tumor no cérebro pode provocar uma epilepsia sintomática, após traumatismo do crânio a pessoa pode desenvolver uma epilepsia, devido à falta de oxigenação durante o parto um bebé pode nascer com falta de oxigenação no cérebro edesenvolver uma epilepsia posteriormente, o acidente vascular cerebral, as infecções do sistema nervoso central, entre outras causas que podem levar uma pessoa a ter epilepsia.

“Cinquenta por cento das pessoas que têm esta doença não sabemos a causa e muitos são difíceis de controlar, mas temos o tratamento com antiepiléticos e se esse medicamento for bem escolhido, dependendo do tipo de epilepsia, cerca de 70% das pessoas que vivem com a epilepsia podem ficar livres das convulsões com o uso adequado de medicamentos anticonvulsivos", avançou.

A nível de Cabo Verde, considerou que o país tem estruturas adequadas para o tratamento desta doença, com o envolvimento de todos os profissionais de saúde, tanto a nível da atenção primária como da atenção secundária e terciária, com o apoio de médicos clínicos gerais, médicos gerais e familiar, medicina interna e neurologistas.

Apesar do país ter estruturas adequadas para o tratamento da epilepsia, considerou Antónia Fortes que ainda persistem alguns desafios principalmente nos meios diagnósticos dessa patologia e dificuldades no acesso a medicamentos.

Instado o que fazer quando presenciar uma crise de epilepsia, disse que nesses casos, em primeiro lugar, tem que manter calma, tranquilizar as pessoas ao redor, evitar que a pessoa caia bruscamente no chão, colocando-a deitada de lado de forma confortável, protegendo a cabeça com algo macio, não segurar a pessoa, nem impedir que ela faça os movimentos dos membros, porque pode causar uma luxação ou uma fractura.

“Retirar todos os objectos que possam machucar, afrouxar a roupa da pessoa, se possível levantar o queixo para facilitar a passagem de ar, sem introduzir nenhum objecto na boca durante a crise convulsiva, não dar palmadas, não jogar água na pessoa, nem oferecer nada para cheirar e permanecer do lado da pessoa até que ela recuperar a consciência. E se não recuperar muito rapidamente, temos que recorrer a estruturas de saúde mais perto”, recomendou.

Para evitar a crise, recomendou às pessoas que têm esta doença que devem evitar perder o sono, porque só o facto da pessoa perder o sono e estar a fazer um medicamento inadequado disse que pode ter uma crise.

Apontou ainda que devem evitar o uso de bebidas alcoólicas, ter uma vida saudável, controlando as doenças crónicas, como a hipertensão, diabetes, que podem evitar um acidente vascular cerebral, que por sua vez pode desenvolver também uma epilepsia.

Neste Dia Mundial da Epilepsia deixou uma mensagem a toda a população de que é preciso quebrar o estigma social sobre esta doença, que, segundo afirmou, “continua a impactar a qualidade de vida” das pessoas e das suas famílias.

A médica clarificou que as pessoas com epilepsia podem e devem trabalhar como qualquer outra pessoa, mas que devem escolher uma profissão que não ponha em risco a sua integridade física e a dos outros.

Neste particular, avançou que o desemprego e o subemprego são “muito frequentes” entre as pessoas com epilepsia, sendo resultantes da resistência do empregador em admiti-los. Os principais factores que sustentam essas situações têm que ver com o preconceito, medo de absenteísmo e receio de questões legais decorrentes de acidentes de trabalho.

Por isso, apelou ao reforço da necessidade de todos se unirem para quebrar o estigma sobre a epilepsia, a nível mundial e em Cabo Verde.

A epilepsia é uma doença neurológica crónica caracterizada pela recorrência de crises epilépticas que podem se manifestar de formas diferentes dependendo do paciente.

Destacou ainda que um único episódio de crise convulsiva não caracteriza epilepsia. Para diagnosticar a doença, é necessário que o paciente tenha pelo menos dois episódios com um intervalo mínimo de 24 horas entre eles.

Breves episódios de movimentos involuntários que podem ser parciais ou generalizados, perda de consciência e de controlo da função intestinal ou da bexiga, alteração no comportamento da pessoa, tonturas e formigamento são os principais sintomas da epilepsia, conforme a mesma fonte.

O Dia Internacional de Combate à Epilepsia, celebrado anualmente no começo da segunda semana de Fevereiro, destaca a importância da conscientização sobre a condição.

Na data, a Organização Mundial da Saúde (OMS) explica que a doença crónica não transmissível do cérebro afecta cerca de 50 milhões de pessoas em todo mundo, o que a torna uma das doenças neurológicas mais comuns no mundo.

Concorda? Discorda? Dê-nos a sua opinião. Comente ou partilhe este artigo.

Autoria:Expresso das Ilhas, Inforpress,9 fev 2025 16:51

Editado porSara Almeida  em  10 fev 2025 10:09

pub.

pub
pub.
pub.

Últimas no site

    Últimas na secção

      Populares na secção

        Populares no site

          pub.