A declaração foi feita hoje à imprensa, em resposta ao ministro do Mar, Jorge Santos, que desmentiu os dados apresentados na pesquisa, apontando para uma "inverdade científica".
“O referido estudo foi publicado na revista científica internacional Frontiers in Marine Science, uma revista de elevada qualidade e prestígio científico. Nesta revista, qualquer estudo, antes de ser publicado, é submetido a um rigoroso processo de revisão por especialistas internacionais na área, por forma a garantir que as informações publicadas são verídicas e suportadas pelo conhecimento científico existente à data”, defende.
Varela sublinha que os dados do estudo são públicos e acessíveis e considera que o ministro do Mar não compreendeu a investigação, desenvolvida no âmbito do projecto NGANDU, numa colaboração entre especialistas cabo-verdianos e portugueses.
“Se calhar o senhor ministro não compreendeu [o estudo], mas ele tem pessoas à volta que são da área e que sabem que o estado de conservação global de uma espécie não foi feito por nós, mas sim por uma plataforma de especialistas do mundo inteiro, que os dados estão disponíveis e acessíveis, cidadão pode aceder a essa informação na plataforma da UICN”, reforça.
De acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), uma espécie é considerada ameaçada de extinção quando o seu estatuto de conservação é classificado como “Criticamente em Perigo”, “Em Perigo” ou “Vulnerável”. Segundo esta classificação, 66% das 53 espécies de tubarões identificadas em Cabo Verde encontram-se em risco.
O investigador, que é também o primeiro autor do estudo, recorda que a legislação cabo-verdiana já prevê a protecção de 11 espécies.
“Ou seja, são protegidas pela legislação nacional, que é o Decreto-Lei nº 8 de 2022. Portanto, esses 11 tubarões fazem parte de uma convenção internacional do qual Cabo Verde é signatário, chamada Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção, e o seu estatuto de conservação, de acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza, são espécies proibidas de serem capturadas e comercializadas”, refere.
Das 11 espécies de tubarões protegidas em Cabo Verde, quatro estão “Criticamente em Perigo”, onde se inclui o tubarão-martelo, 2 espécies estão “Em Perigo”, onde se inclui o tubarão-baleia, e 5 espécies são “Vulneráveis”.
Varela destaca que, como cientista, o objectivo “é utilizar o conhecimento científico para suportar processos de tomada de decisão sustentáveis para a protecção das espécies”.