De acordo com os resultados relativos à saúde sexual e reprodutiva dos Cabo-verdianos, no âmbito do inquérito sobre a qualidade da democracia e da governação em Cabo Verde, a Afrobarometer, 75% dos inquiridos disseram que o aborto é “sempre” ou “algumas vezes” justificável quando há risco para a saúde da mulher.
Já em casos de violação ou incesto, 59% expressam a mesma posição. Em contrapartida, 61% são contra o aborto por razões económicas e 70% rejeitam essa possibilidade por outros motivos não especificados.
O estudo mostra ainda que quase três em cada 10 cidadãos (28%) asseguram que, nas suas comunidades, mulheres ou raparigas interrompem a gravidez “ocasionalmente” ou “frequentemente”, enquanto 42% afirmam que isso “raramente” ou “nunca” acontece.
A pesquisa destaca igualmente uma ampla aceitação da educação sexual nas escolas e do acesso a métodos contraceptivos. Segundo os dados, 95% dos cabo-verdianos acreditam que as escolas devem ensinar educação sexual, 90% defendem que os contraceptivos devem estar disponíveis para todas as pessoas sexualmente activas, independentemente do estado civil, e 79% apoiam o acesso mesmo sem restrições de idade.
A autonomia das mulheres também é amplamente valorizada: 93% consideram que raparigas grávidas ou com filhos devem continuar os estudos, 88% apoiam o direito das mulheres de decidirem se e quando casar, e 86% defendem que as mulheres devem escolher se querem ter filhos e quantos.
A pesquisa realça ainda o reconhecimento generalizado dos serviços de saúde materno-infantil e de planeamento familiar, geralmente gratuitos no país, como factores determinantes na redução da mortalidade materna, na melhoria dos cuidados pré-natais e na diminuição das taxas de natalidade.
Este inquérito integra a 10.ª ronda de pesquisas do Afrobarometer, uma rede pan-africana de investigação independente. Em Cabo Verde, os dados foram recolhidos junto de uma amostra representativa de 1.200 adultos, com uma margem de erro de ±3 pontos percentuais e um nível de confiança de 95%.