Rui Freitas que é também professor na Universidade Técnica do Atlântico (UTA) fez estas afirmações em declarações à Inforpress, no âmbito do Dia Mundial do Ambiente, celebrado anualmente a 5 de Junho.
Destacou os trabalhos que têm sido feitos a nível nacional com destaque para as acções e o trabalho “gigante” que tem sido desenvolvido pelas ONG ambientais, considerando “bastante satisfatório” o facto da camada mais jovem estar mais sensibilizada sobre a importância do ambiente.
“O Estado só não consegue dar conta do ambiente. Aliás, o Estado de Cabo Verde está a fazer o seu papel, mas faz muito pouco. O próprio Governo tem serviços muito básicos a nível ambiental. Temos que pôr o ambiente a sério na agenda e não está ainda a sério na agenda”, declarou.
Reforçou, neste sentido, a necessidade de criação de infraestruturas dignas e de se aumentar o número de quadros profissionais na área ambiental, com vista a dar resposta às demandas que ainda existem.
Frisou que os desafios que o país enfrenta são grandes, exemplificando que o ambiente marinho e costeiro de Cabo Verde está com sérios desafios da desregulação em certa medida pela pegada humana.
Destacou as medidas e políticas adoptadas pelo Governo na implementação da lei que entrou em vigor a partir de 18 de Maio deste ano, abrangendo também a introdução no mercado de embalagens e objectos de plástico que não contenham uma percentagem mínima de plástico reciclado.
“O plástico faz parte da nossa vida, o plástico vem para ficar. Há quem acha que devemos comer menos para salvar o planeta, por exemplo. Constantemente estou a negar plástico nos supermercados e acho que devemos diminuir ao mínimo o uso do plástico e reutilizar o plástico o máximo possível. Hoje há essa tendência, por isso que já estamos no caminho de usar o plástico reciclado ou o plástico biodegradável”, disse.
Rui Freitas considerou ainda “importante” o reforço de acções de sensibilização e promoção de boas práticas para que a protecção e preservação do ambiente em Cabo Verde seja abraçada por todos.
“Nós não vamos conseguir pedir alguém para respeitar as zonas costeiras e os recursos marinhos, ou respeitar o ambiente, ou poluir menos, ou usar menos plástico. Se ele não consegue respeitar as pessoas, como é que vai respeitar o ambiente”, questionou.
Apontou, por outro lado, a necessidade de Cabo Verde acelerar os passos e criar forças de apoio para fazer face aos efeitos das mudanças climáticas, indicando, por outro lado, que a desregulação do clima e as acções humanas têm contribuído na proliferação de algas marinhas.
O Dia Mundial do Ambiente é o dia mais conhecido no âmbito da acção ambiental e climática. Celebrado desde 1974, no dia 5 de junho, envolve governos, empresas, celebridades e cidadãos, que se juntam na concentração de esforços, no que diz respeito à problemática da questão ambiental.
Este ano é marcado por uma mobilização global contra a poluição plástica, com a República da Coreia como país anfitrião.
A luta contra a poluição plástica é um passo essencial para alcançar os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), como a acção climática, a produção e o consumo sustentáveis, a protecção dos mares e oceanos, e a restauração dos ecossistemas.