Santiago é o maior contribuinte para o Produto Interno Bruto Nacional (53%), segue-se São Vicente (15%) e Sal (10,8%). Disparidades entre as ilhas são evidentes.
O Instituto Nacional de Estatística revelou a distribuição do Produto Interno Bruto por cada ilha e um dado ficou evidente: as assimetrias regionais são grandes.
Os dados apresentados dizem respeito aos anos entre 2007 e 2012 e mostram a divisão do rendimento bruto nacional por cada uma das ilhas. Assim, Santiago surge, naturalmente, na primeira posição e os últimos lugares estão reservados para São Nicolau (2,1%), Maio (1,2%) e Brava (0,8%).
A surpresa surge na distribuição do PIB per capita em cada ilha. Boa Vista (8.819 dólares per capita), Sal (7.068) e São Vicente (3699) ocupam os três primeiros lugares da tabela, só depois surge Santiago com um rendimento de 3.578 dólares por pessoa.
Na contribuição, por concelho, para o PIB nacional, a Praia representa 39% do total e os restantes concelhos de Santiago somam 14% do total nacional. Ou seja, como já foi dito atrás, Santiago significa 53% do PIB cabo-verdiano. Mas o peso da capital assume ainda mais importância se a análise for feita por ilha. 74% da riqueza produzida em Santiago tem origem na cidade da Praia.
Quanto dá cada ilha
Em declarações à imprensa, o presidente do INE, António Duarte, explicou que a realização do estudo para saber a contribuição do PIB (Produto Interno Bruto) por ilha, é um projecto que o instituto introduziu há alguns anos na sua estratégia, tendo em conta o figurino de Cabo Verde de um país arquipelágico, o que torna fundamental saber qual que é a contribuição de cada ilha na economia nacional.
“O estudo mostrou que, a nível da ilha, Praia tem um peso de 74 por cento no PIB da ilha, enquanto os demais concelhos de Santiago tem um peso de 26 por cento. Por outro lado, o concelho da Praia tem um peso de 39 por cento, e os demais concelhos de Santiago têm um peso de 14 por cento no ano de 2012 no PIB nacional”, indicou.
Segundo o presidente do INE, os resultados do estudo revelaram, ainda, que a ilha da Boa Vista apresentou um “salto significativo” no contributo do PIB nacional, passando de 2,5 para 5,2 por cento de 2007 para 2012, tendo duplicado o seu peso, e a ilha do Fogo manteve o seu contributo em 5,2 por cento.
Outra conclusão a que se chegou é que as ilhas que apresentaram um menor contributo para o PIB nacional foram São Nicolau com 2,2 e 2,1 por cento, seguida do Maio com 1,3 e 1,2 por cento, e a Brava com 1,0 para 0,8 por cento.
“Esses dados irão permitir visualizar as assimetrias entre as nossas ilhas, ver para cada ilha as actividades de maior relevo, a contribuição de cada ilha para o PIB nacional e ainda ter o PIB per capita, por ilha”, esclareceu, afirmando que esta é a primeira apresentação pública e que o desafio é trabalhar, cada vez, mais para aprimorar os resultados, de forma a facilitar a tomada de decisão em prol na melhoria de condições de vida das famílias.
Quanto à apresentação dos resultados dos estudos de 2013 e 2014, António Duarte fez saber que o INE já publicou os resultados do primeiro trimestre de 2015 em termos das contas nacionais do PIB, sendo que os do segundo trimestre serão divulgados no dia 30 de Setembro.
Por isso, a nível das contas regionais, com a metodologia que está a ser utilizada, o INE deve concluir as contas definitivas para depois trabalhar a regionalização de contas, o que aponta o mês de Dezembro com a data para se ter a regionalização de contas para o ano 2013 e avançar com os outros anos.
Disparidades
A divisão do PIB por ilhas veio deixar a nu a disparidade do desenvolvimento de Santiago relativamente ao resto do arquipélago, defendem Miguel Monteiro, deputado do MpD e Belarmino Lucas, Presidente da Câmara de Comércio do Barlavento.
“Há grandes discrepâncias a nível nacional”, garante Miguel Monteiro que falando a nível da divisão do PIB por habitante conclui-se que “na pior ilha, a Brava, o PIB per capita é 3,3 vezes inferior à da melhor ilha que é a Boa Vista”.
E para Miguel Monteiro este é o melhor retrato que se pode fazer “da grande discrepância que existe a nível nacional” que reforça “temos um país a duas velocidades, em que ilhas como Brava, Fogo, Santo Antão e São Nicolau são as que têm pior rendimento per capita”.
“Os números são intuitivos”, defende por seu turno o presidente da Câmara de Comércio do Barlavento (CCB), Belarmino Lucas. “O peso de Santiago para o PIB” nacional não é, por isso, uma novidade para Belarmino Lucas, muito menos “o que isso representa em termos de prova dos graves desequilíbrios regionais”.
Para o presidente da CCB este relatório divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística vem demonstrar, de forma clara, “a necessidade de diminuir o fosso no nível de desenvolvimento das diversas ilhas”.