Olavo Correia não sai do governo. “Podem tirar o cavalinho da chuva”

PorAndre Amaral,10 mar 2018 8:40

​Primeiro-ministro reforçou, esta terça-feira, a confiança no seu ministro das Finanças e disse que o ‘caso Tecnicil’ é “uma cabala política” orquestrada pelo maior partido da oposição.

“Quanto mais nos atacam mais fortes ficamos”, garantiu, ontem, Ulisses Correia e Silva, negando a saída do ministro das Finanças, Olavo Correia, por causa do alegado favorecimento da empresa de que foi administrador.

“Eu não tenho de falar em função do que a oposição quer. O que eu tenho a dizer é que se trata de uma cabala política claramente motivada por uma lei que foi aprovada pelo parlamento com os votos do PAICV. Uma proposta da Câmara de Comércio de Sotavento”, começou por apontar o Primeiro-ministro para quem todo este caso não é mais que há “uma encenação à volta deste tema no sentido de incriminar um ministro com objectivos políticos muito claros”. “Não há aqui inocência relativamente a esta investida que o PAICV tem estado a fazer”, apontou Ulisses Correia e Silva à saída da reunião que teve com o Presidente da Assembleia da República de Portugal, Ferro Rodrigues.

Quanto a possíveis problemas éticos que possam surgir por o ministro das Finanças ser accionista de uma das empresas que beneficia desta nova legislação, o Primeiro-ministro questiona: “Qual é o impedimento ético? Há uma proposta de lei que vem da câmara de comércio que vai ao parlamento e é aprovada. Não é aprovada pelo ministro, nem por despacho do ministro, nem pelo governo e essa lei diz que há agravamento de algumas taxas aduaneiras relativamente a alguns produtos. É preciso ver que essa lei é dirigida à indústria e não a uma empresa em concreto, porque há outras empresas que operam no sector e outras poderão vir a operar no sector”.

“Só uma ligação maldosa pode provocar esta relação de causa-efeito de uma lei a uma pessoa em concreto”, acrescentou.

Quanto à possível saída de Olavo Correia do governo, o Primeiro-ministro foi taxativo: “Podem tirar o cavalinho da chuva. Isso não vai acontecer. Nós não vamos dar resposta àquilo que a oposição quer em termos desestabilização do próprio governo”.

A polémica em torno de Olavo Correia começou depois de ter sido aprovado, no Parlamento e no âmbito do Orçamento do Estado para 2018, o artigo 26º que aumenta as taxas de importação de lacticínios e seus derivados e também sobre os sumos de fruta. Após a aprovação desta medida proteccionista, com os votos favoráveis de MpD e PAICV, o maior partido da oposição começou a acusar o ministro das Finanças de favorecimento à empresa de que foi administrador antes de assumir a pasta das Finanças.

Silêncio cúmplice, diz o PAICV

As palavras de Ulisses correia e Silva surgem na sequência da conferência de imprensa do PAICV, na passada sexta-feira, onde voltou a sugerir a saída de Olavo Correia do governo e onde o Secretário-Geral daquele partido acusou o Primeiro-ministro de “silêncio cúmplice”.

“Todos os cabo-verdianos já deram conta de que muitas das medidas do Governo do MpD têm endereço certo, destinatário concreto e objectivos inconfessáveis”, acusou Julião Varela.

Quanto ao silêncio do Primeiro-ministro, Julião Varela acusou Ulisses Correia e Silva de ficar “mudo e calado, como cúmplice dessa acção despudorada”.

“Enquanto toda a sociedade manifesta a sua indignação e o seu repúdio, pela actuação intransparente do Vice-Primeiro-ministro, o Primeiro-ministro esconde-se e, mais uma vez, demonstra a sua falta de coragem e o seu desrespeito pelos cabo-verdianos”, reforçou ainda Julião Varela.

Posição de Olavo Correia “não é eticamente reprovável”

Também o MpD se pronunciou sobre o tema e, em conferência de imprensa, também na sexta-feira, defendeu que não houve um comportamento “eticamente reprovável” por parte de Olavo Correia.

“Sinceramente não consi-dero que haja aqui razões de ética porque o senhor Vice-Primeiro-ministro não fez nada de errado. Nomeadamente, cumpriu a lei e isto é algo que muitos não querem ver”.

“O PAICV está a querer lançar este tipo de suspeições de uma forma generalizada, de que não estamos a fazer as coisas de forma correcta, não estamos a seguir a lei, quando na realidade não é nada disso. Quando na realidade não há nenhuma queixa, nenhuma suspeição lançada de forma oficial contra o senhor Vice Primeiro-ministro ou qualquer membro do governo”, reforçou Miguel Monteiro.

Olavo Correia “cumpriu tudo aquilo com que tinha de cumprir”, defendeu ainda Miguel Monteiro “e, entretanto, vem o PAICV lançar estas suspeições”.


Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 849 de 07 de Março de 2018.

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Autoria:Andre Amaral,10 mar 2018 8:40

Editado porSara Almeida  em  10 mar 2018 12:54

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