Cabo Verde subscreveu em Março deste ano a Declaração de Kigali que prevê a criação de um espaço de comércio livre entre os países africanos. No entanto, o ministro da Integração Regional, Júlio Herbert, mostrou-se, ontem durante o Fórum Parlamentar da CEDEAO, reticente quanto à real possibilidade de se estabelecer uma zona de comércio livre africana.
Segundo Júlio Herbert, não será fácil implementar esta aspiração que consubstancia a Agenda 2023, visando a criação de um mercado continental com a livre circulação de pessoas, capitais, mercadorias e serviços, sem que, antes, as comunidades económicas regionais em África cumprirem os objectivos como, por exemplo, a questão da moeda única, da harmonização aduaneira e legislativa.
“Os blocos regionais conhecem as realidades e os seus factores críticos. Sabem perfeitamente qual é o ritmo que se deve imprimir a este processo. A união Africana, por exemplo, tem o seu nível de exigência e as dinâmicas que pretende incorporar em todo este processo. Mas a verdade é que, às vezes, os interesses dos blocos regionais e os da União Africana não coincidem, em termos de ritmo, velocidade, horizontes temporais e os prazos”, afirmou.
Quanto ao apoio nacional à criação de uma Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA) Júlio Herbert optou por destacar que embora Cabo Verde seja um dos subscritores da Declaração de Kigali, em Março de 2018, o país está atento ao processo e "continua a acompanhar e a preparar-se, para quaisquer consequências que possam surgir, ao longo do debate". O ministro da Integração Regional apesar das reticências diz acreditar na ZCLCA, desde que estejam resolvidas as questões prévias, como a harmonização do mercado, moeda comum, industrialização do continente africano, "que devem ser debatidas, sem complexo, em ordem a uma convergência entre os blocos regionais e a própria União Africana".