"Nas operações normais do Banco Africano de Desenvolvimento, para que os projectos sejam financiáveis, eles têm de ter um valor de pelo menos 30 milhões de euros, e eu acho que esse é um valor demasiado alto quando nós falamos de economias como a moçambicana, a cabo-verdiana, a guineense, a são-tomense e mesmo a angolana", disse à Lusa o chefe da diplomacia portuguesa, no dia em que se reuniu com a direcção do BAD na sede da instituição, em Abidjan, Costa do Marfim.
"Estive a explicar à direcção do banco que, na minha opinião, esse limiar mínimo devia ser baixado", explicou o ministro, referindo que o banco "disse que ia examinar essa questão na próxima reunião do seu conselho de administração".
O MNE português considera que a redução deste limiar representa "uma pequena alteração" que permite que o Compacto Lusófono seja "totalmente produtivo".
O Compacto Lusófono, para o qual o Governo português acautelou 400 milhões de euros, pretende promover 65 projectos em Angola, Moçambique, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe durante este ano.
Durante a sua visita ao BAD, Augusto Santos Silva ofereceu, através do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, um curso de língua portuguesa para funcionários da instituição, proposta que diz ter sido "muito bem recebida".
"O português é uma das línguas mais faladas em África. Aliás, juntamente com o inglês, o francês e o árabe, é uma das quatro línguas da União Africana. E, portanto, é muito importante que o Banco Africano de Desenvolvimento tenha pessoas com competências em português", disse.
"O que nós vamos fazer é oferecer um curso especificamente formatado para melhorar as competências de funcionários do Banco Africano para o Desenvolvimento", precisou o ministro, indicando que, além dos 17 trabalhadores portugueses no BAD, "há outros funcionários não portugueses que querem melhorar a sua proficiência na língua portuguesa".